O compartilhamento de notícias falsas ainda gera prejuízos para o Facebook, mesmo após o anúncio de mecanismos para impedir tal prática . O refugiado sírio Anas Modamani, de 19 anos, está processando a rede social para impedir que sua foto com a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, seja compartilhada em posts de notícias falsas. Ele também pede que todas as publicações do tipo que utilizaram a imagem sejam excluídas da plataforma.

De acordo com a rede de notícias "CNN", a foto com Modamani e Merkel foi tirada em agosto de 2015, quando a primeira-ministra visitou um abrigo em Berlim. A foto logo se tornou famosa, sendo usada em capas de jornais alemães e se tornando assunto nos principais telejornais do país. O refugiado , no entanto, afirma que seu nome e a imagem passaram a ser usados por criadores de notícias falsas sobre terrorismo.

Foto de refugiado com primeira-ministra alemã passou a ser usada fora de contexo após atentados em Bruxelas, em 2016
Reprodução/Twitter
Foto de refugiado com primeira-ministra alemã passou a ser usada fora de contexo após atentados em Bruxelas, em 2016

De acordo com Modamani, a foto passou a ser compartilhada fora de contexto após atentados terroristas em Bruxelas , na Bélgica, em março de 2016. Ele conta que, após o ocorrido, um amigo lhe mostrou um post que culpava refugiados sírios pelo ataque. "Eu vi minha imagem publicada... Mas é claro, não era eu!", disse. "Pensei imediatamente: o que isso significa? Qual será meu futuro? Isso realmente não é brincadeira. Isso é sério", disse em entrevista à  "CNN".

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Modamani e sua mãe adotiva, Anke Meeuw, sinalizaram o post que usava a foto fora de contexto, pedindo sua exclusão da plataforma. A publicação foi removida, mas, segundo eles, até aquele momento já tinha mais de 200 mil compartilhamentos. A situação se repetiu em outros momentos, como quando um tunisiano usou um caminhão para invadir um mercado de Natal em Berlim.

A mãe de Modamani afirma que eles seguiram usando os recursos da rede social para excluir posts com notícias falsas. No entanto, a única resposta recebida é que a imagem não viola os padrões da plataforma. Os dois recorreram, então, a Chon-jo Jun, advogado especializado em leis digitais na Alemanha, que conta com leis rígidas sobre o assunto. Segundo ele, ao mesmo tempo em que a rede social eliminou algumas publicações com a foto, permitiu que outras que usaram o mesmo conteúdo continuassem no ar. 

Para Modamani, o problema das notícias falsas não é exclusividade dele. "É um problema do mundo", afirma. Em nota, a rede social afirmou que está "comprometida em cumprir nossas obrigações com a lei alemã em relação ao conteúdo que é compartilhado pelas pessoas na nossa plataforma". A empresa também afirmou que retirou todo o conteúdo solicitado pelos representantes legais do jovem. "Portanto, acreditamos que a ação legal neste caso não é necessária, nem a maneira mais efetiva de resolver esse caso", finaliza.

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A foto de Modamani é apenas uma das polêmicas envolvendo o Facebook. Além do refugiado, a rede social passou a dar mais atenção para o problema de compartilhamento de notícias falsas após ser responsabilizada por uma possível desinformação dos usuários durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Com eleições alemãs marcadas para este ano, a plataforma passou a permitir que os usuários do país sinalizassem possíveis notícias falsas.

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