Idosos aprendem a mexer no WhatsApp durante a pandemia
Unsplash/Georg Arthur Pflueger
Idosos aprendem a mexer no WhatsApp durante a pandemia


Durante o período de isolamento social , a internet se tornou a única forma de contato para muitas pessoas. E, para não ficar de fora, muitos idosos tiveram que aprender do zero a como utilizar as tecnologias presentes no smartphone , como o  WhatsApp

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É o caso, por exemplo, de Maria Martins da Silva, de 81 anos, que vive sozinha em Campinas, no interior de São Paulo. Logo no início do isolamento social , quando ela fez aniversário, os filhos decidiram que era hora de ela ganhar um smartphone para se manter conectada a eles, mesmo que de longe. 

“A minha mãe já tinha algum desejo de dar um celular para ela. Quando começou a quarentena, a gente percebeu que é muito ruim você não ver a pessoa, e que era necessário ter um celular para ver e aproximar”, lembra Carolina Martins Ribeiro, de 25 anos, neta de Maria. 

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Carolina e sua mãe foram quem ensinaram a senhora a mexer no WhatsApp para ficar conectada com toda a família. “Para ela, foi um desafio”, diz a neta. Tem muita gente passando pela mesma situação, e nem sempre é fácil ensinar tecnologia para um idoso. 

Paciência é a chave do sucesso

Reginaldo Henrique Bernardo, instrutor de informática , conta que o processo de aprendizado pode ser muito desafiador para os idosos. “Por mais que, para nós, não seja nenhuma novidade, para eles muitas coisas acabam sendo”, diz Reginaldo.

O instrutor conta que as maiores dificuldades dos idosos são as letras pequenas dos smartphones . E, do lado de quem está ensinando, o maior desafio é ter paciência. “Eu sempre ouço a seguinte frase dos idosos: ‘apesar de eu ter o meu filho ao meu lado, ele simplesmente não tem paciência comigo’. Se essas pessoas que estão próximas a eles tivessem paciência, talvez não precisariam nem recorrer ao Reginaldo”, brinca. 

Na prática, isso também é observado. Carolina conta que, no começo, foi preciso ter bastante paciência até Maria entender o funcionamento das ferramentas. “Minha mãe explicava para ela como funcionava e eu era a responsável por fazer os testes com a minha avó. Então, eu ia para um cômodo da casa e ligava para ela, para ela atender e falar comigo. E era só risada no começou, porque ela não entendia”, lembra. 

Mas o resultado de tanta paciência, garante a neta, foi gratificante. “Ela era resistente, mas a gente percebeu que ela gostou muito e aproximou ela muito mais. Ela fica contente de ver as pessoas hoje, não só de falar no telefone. O WhatsApp foi uma ferramenta que ajudou muito nessa quarentena”, afirma.

Como ensinar um idoso a mexer no WhatsApp

Além da paciência, Reginaldo diz que é preciso saber ouvir os idosos. Ele conta que é preciso estar atento às dificuldades e dúvidas que eles têm, que muitas vezes serão apresentadas em uma linguagem simples. 

Carolina diz que também é necessário treinamento, incentivando o idoso a utilizar sempre o smartphone , além de muita afetividade na hora de tirar as dúvidas. “Quando você dá a voz para esse idoso, dá o celular, você está integrando ele na sociedade, então você tem que ter um afeto, tem que saber como falar, e tem que ter todo um carinho para conectar ele”, opina. 

Confira algumas dicas práticas para ensinar um idoso a mexer no WhatsApp :

  • Configure o celular antes do uso: Reginaldo conta que as duas principais dificuldades dos idosos na hora de usar o WhatsApp é o tamanho das letras e a agenda de contatos. Por isso, é importante configurar essas ferramentas antes mesmo de dar o smartphone para o idoso. No caso da agenda, acrescente previamente todos os contatos com quem ele vai precisar falar, para evitar dificuldades. Já a respeito das letras, é possível configurar o celular com aplicativos que mudam a formatação ou com opções disponíveis no próprio sistema operacional. No caso do WhatsApp, uma mudança simples no tamanho das letras pode ajudar bastante. Para isso, clique nos três pontinhos no canto superior direito do aplicativo, vá até “configurações”, clique em “conversas” e, depois, em “tamanho da fonte”. Na página que surgir, selecione a opção “grande”;
  • Ensine o que há de mais básico: Para começar, mostre ao idoso apenas as funções que ele vai utilizar com mais frequência, como a chamada de vídeo e de voz. Se ele tiver dificuldades para digitar, ensiná-lo a enviar áudios pode ser uma opção mais simples. Na hora dos mais velhos gravarem informações, menos é mais, então lembre-se de ensinar apenas o essencial;
  • Faça um manual: Se o idoso tiver mais dificuldade em gravar as etapas dos processos, pode ser interessante desenhar ou escrever um manual que fique com ele - sobretudo se o contato estiver interrompido por conta do isolamento social. “Isso com certeza auxilia bastante”, garante Reginaldo. Nesse manual, inclua os ícones que ele vai precisar clicar, deixando instruções claras;
  • Treine: Um dos passos mais importantes para o aprendizado é o treinamento. Por isso, não deixe que o idoso esqueça o celular na gaveta e force-o a treinar. Para isso, ligue para ele envie mensagens para incentivá-lo a responder;
  • Aproveite a nova companhia virtual: Depois de ensinar o idoso com paciência, o resultado é mais uma companhia virtual. “Quando o idoso conecta, é muito legal. Eles se sentem realmente integrados dentro de um outro mundo novo para eles”, garante Carolina.

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