O chefão do Twitter demitiu um de seus principais engenheiros na terça-feira (7). O motivo não foi falar mal do patrão ou se negar a realizar alguma loucura. O funcionário foi mandado para a rua após explicar para Musk que seus tweets não estavam “bombando” porque ele perdeu popularidade.
A notícia foi divulgada pelo Plataformer, newsletter de autoria de Casey Newton, jornalista especializado em big techs e com histórico confiável de informações internas dessas empresas. Para proteger a segurança do engenheiro, o Plataformer manteve seu nome em anonimato. A demissão do engenheiro número dois do Twitter aconteceu após uma reunião convocada por Elon Musk.
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Musk perdeu popularidade e não aceitou a constatação
O chefão do Twitter queria saber por qual razão o alcance de seus tweets estavam caindo. O segundo principal engenheiro da empresa trouxe a resposta com o Google Trends: a popularidade de Musk caiu. A contrarresposta de Musk para isso? Demissão do engenheiro. Afinal, a realidade é a pós-verdade.
Como mostrou o engenheiro, na época do anúncio da compra do Twitter, a ferramenta do Google marcava 100 pontos no assunto. Na semana passada, Musk marca dez pontos — 74 pontos a menos que xadrez, que está tão popular que derruba os servidores do maior site sobre o esporte.
Musk não gostou da justificativa — ou talvez não tenha gostado do choque de realidade. Quando ele começou a notar a queda de visualização de seus tweets, Musk fechou a sua conta no Twitter para testar se os números aumentariam. A ideia faz até sentido: tem muita gente que só vê o que ele fala por prints, notícias ou quando vai conferir diretamente uma besteirada falada.
O bilionário possui mais de 128 milhões de seguidores, mas seus últimos tweets costumam atingir um terço do público, aproximadamente 33% dos seguidores. Seu último tweet com mais de 40 milhões de foi a publicação de um ponto final. Provavelmente feito para testar o alcance, mas que puxou o público por acreditar que ele soltaria uma bomba em breve.
Seu último ponto, publicado ontem, está com pouco mais de 31 milhões de visualizações no momento em que essa notícia é publicada.
“Eu sou popular e amado, quem discorda está errado”
Com um pouco de convivência social, nós desenvolvemos a habilidade de reconhecer quem é “ególatra”. Aquelas pessoas que acreditam fielmente que são o centro da atenção, especiais e merecem ser admiradas. Musk verdadeiro é uma dessas pessoas.
Para ele, a realidade é o que ele cria — e nela tem 90% de admiração. Quando foi vaiado no show lotado do Dave Chappelle, em que ele acreditou não haver câmeras, twittou que foram “só 10% de vaias de uns esquerdistas”. Quando um vídeo do show apareceu, deu de ver que ele inverteu os números.
Musk chegou a acreditar que o seu alcance foi forçadamente reduzido, o que sinalizaria que seus funcionários o estão sabotando. Depois de demitir o engenheiro que apontou a queda na popularidade — e indiretamente uma possível diminuição de usuários do Twitter —, o chefão da rede social passou uma nova tarefa: os empregados (restantes) precisam monitorar quantas vezes seus tweets são recomendados. E o foco no produto principal?
Funcionários relatam que a empresa está um caos
Se for por fora o Twitter parece um caos, é porque é isso que a empresa está produzindo. Para o Plataformer, um funcionário disse basicamente isso: “você entrega o que o você produz, e nós produzimos caos”.
Outro empregado do Twitter explicou que não vê a gestão trabalhar em perspectiva a longo prazo. Ele relata que a maior parte do tempo é dedicada a três áreas: “apagar fogos, a maioria causada por demitir a pessoa errada e tentar corrigir isso, fazer tarefas impossíveis e melhorar a eficiência sem orientações claras de qual deve ser o resultado final”, disse o funcionário. “Nós basicamente estamos indo de apagar incêndio a apagar outro incêndio”, concluiu.
Em outro exemplo, um empregado relata que Musk pede que eles resolvam reclamações de um único usuário. “[…] E então ele chega até nós e diz ‘esse usuário aqui diz que ele não consegue fazer essa coisa na plataforma’, e então temos que nos virar para resolver um problema que só uma única pessoa está relatando. Não faz sentido”.
E não faz mesmo. Seja em uma startup ou empresa que depende de programação, que tem uma boa gerência, os problemas são priorizados de acordo com vários fatores, por exemplo: gravidade, urgência ou facilidade em resolver. Os fato são que as pessoas estão cansadas das baboseiras do Musk e o Twitter, há meses, não parece ter prioridade há longo prazo.