O chefe do WhatsApp, Will Cathcart, afirmou nesta quinta-feira (9) que prefere retirar o aplicativo do Reino Unido do que ceder a uma nova lei local que pode reduzir a criptografia do mensageiro.
Atualmente, um projeto de lei está em discussão no país e pode exigir que empresas de tecnologia verifiquem mensagens dos usuários para identificar materiais de abuso infantil, a fim de combater a prática. Essa varredura, porém, seria impossível de ser feita sem quebrar a criptografia de ponta a ponta de aplicativos como o WhatsApp, alegam as empresas.
"A realidade é que nossos usuários em todo o mundo querem segurança. 98% dos nossos usuários estão fora do Reino Unido. Eles não querem que reduzamos a segurança do produto e, simplesmente, seria uma escolha estranha para nós escolher reduzir a segurança do produto de uma forma que afetaria esses 98% dos usuários", afirmou Will Cathcart, em entrevista a repórteres no Reino Unido.
No mês passado, a presidente do Signal, Meredith Whittaker, já havia dado uma declaração semelhante. "Eu preferiria absolutamente 100% sair do Reino Unido a minar a confiança que as pessoas depositam em nós para fornecer um meio de comunicação verdadeiramente privado", disse ela, na ocasião.
A nova lei do Reino Unido, que pode ser aprovada ainda este ano, tem gerado bastante polêmica. Por um lado, ela cria um mecanismo para reduzir a circulação de conteúdos de abuso infantil. Do outro, abre precedentes para que empresas de tecnologia tenham acesso às mensagens privadas dos usuários.
Críticos ao projeto afirmam que, uma vez que as empresas aceitem fazer varreduras em mensagens privadas, os governos as forçarão a adicionar mais tipos de conteúdos proibidos, reduzindo ainda mais a privacidade dos usuários.