É mais fácil se tornar youtuber do que um ator de sucesso, diz chefe do YouTube
Em evento na CES 2016, Robert Kyncl falou do consumo de vídeos e do futuro da plataforma: HDR e realidade virtual
Mais do que uma feira de eletrônicos, a CES 2016 ficará marcada como a edição do conteúdo. Depois da Netflix anunciar a chegada do serviço em mais 130 países, foi a vez do YouTube de aproveitar seu espaço para divulgar que até o final do ano a maior plataforma de vídeos online do mundo terá suporte para conteúdos com High Dynamic Range (HDR) e suas novas parcerias para a realidade virtual, outra tendência do evento que acontece em Las Vegas, nos Estados Unidos.
O que mais impressionou na fala de Kyncl, no entanto, foi quanto o YouTube reflete a nova forma de consumir conteúdo pelo usuário. Citando números da consultoria Nielsen, o executivo disse que hoje 400 horas de vídeo são compartilhadas por minuto no YouTube, e que mais de um bilhão de pessoas assistem algo no site a cada mês. Segundo ele, assistir vídeos é a terceira coisa que os seres humanos mais fazem, depois de trabalhar e dormir. E quando se fala em lazer, ver vídeos já ocupa a primeira posição na preferência.
Para Kyncl, existem quatro motivos pelos quais o YouTube está substituindo a televisão convencional, além do fato de ser gratuito e global. O primeiro é que a plataforma é mobile, ou seja, você pode assistir quando, onde quiser e na tela que desejar. O segundo é que a plataforma é diversa, reúne em uma mesma biblioteca conteúdos completamente diferentes e os youtuber estão aí para provar isso. A terceira causa é que os vídeos digitais estão cheios de música. De acordo com Kyncl, escutar música é a segunda opção de lazer das pessoas e muitas delas fazem isso pelo YouTube. Foi diante desse cenário que o YouTube resolveu lançar o Red , seu serviço de streaming de vídeos por assinatura, que terá vários conteúdos exclusivos feitos pelo YouTube, e o YouTube Música, para quem gosta de ouvir e ver os vídeos dos seus artistas preferidos.
Para falar da importância da música, o executivo trouxe ao palco Scooter Braun, produtor musical por trás de nomes que explodiram na internet antes de chegar ao meios tradicionais como Justin Bieber e Psy. Com esses e outros exemplos de artistas que surgiram no YouTube, Kyncl deixou clara outra diferença entre o YouTube e outros meios: o site de vídeos é muito mais democrático do que outros meios ligados às indústrias criativas.
Em sua apresentação na CES, o executivo mostrou exemplos não apenas de cantores que se tornaram famosos com ajuda do YouTube, mas também de pessoas comuns que ao começarem a falar para uma câmera e a postar seus vídeos online e com isso se tornaram verdadeiras celebridades, e não apenas da web. "É mais fácil se tornar o próximo PiewDiePie do que o próximo Tom Cruise", argumentou ele.
Outro motivo pelos quais os vídeos online vão substituir a TV é imersividade, cada vez mais palpável com a popularização da realidade virtual. Para Robert Kyncl, Chief Business Officer do YouTube, a plataforma terá um papel importante na promoção dessa nova tecnologia, bem como teve com o 4K. Além da Odyssey, um produto criado em conjunto com a GoPro para capturar vídeos em 3D e em 360º, o YouTube apresentou no palco da CES 2016 um esforço que fez em conjunto com a VRSE, um estúdio de produção, para levar conteúdo de realidade virtual do The New York Times para um milhão de pessoas por meio do Google Cardboard, uma espécie de dispositivo VR feito em casa, com ajuda do smartphone. Além das parcerias, o executivo anunciou que todos os YouTube Space do mundo terão uma câmera 360º à disposição dos criadores de conteúdo.
* A jornalista viajou a convite da Samsung.