O que é e como funciona uma VPN?
Rede privada virtual conecta dois pontos distantes, além de ajudar o usuário a manter sua privacidade e a não ser rastreado
Quando a Justiça bloqueou o WhatsApp, em dezembro passado , muitos brasileiros recorreram a serviços de VPN para utilizar o aplicativo. Algo semelhante acontece com assinantes da Netflix que desejam ver filmes e séries que não estão disponíveis em seu País por conta de direitos autorais. Presente em mais de 190 países, o serviço de streaming de vídeos já disse que não vai mais permitir que seus assinantes utilizem VPN para acessar conteúdos de outras regiões .
Mas, afinal, o que é essa tal de VPN e para o que ela serve?
O termo VPN vem de Virtual Private Network, ou rede privada virtual na tradução livre do português. Toda vez que se conecta a uma rede comum – como as das nossas casas – o usuário recebe um endereço do servidor de acesso, chamado IP, sigla para Internet Protocol ou Protocolo de internet. Uma vez atrelado a este endereço, todo o movimento feito pelo usuário na internet será identificado, inclusive pelos servidores no meio do caminho, que podem visualizar as informações transmitidas pela conexão. De acordo com Roberto Gallo, diretor executivo da Kryptus, empresa especializada em criptografia, "a VPN é uma forma de isolar essas conexões dentro de um túnel. Do ponto de vista de um observador externo, não é possível ver o que esta lá dentro".
Ao utilizar uma VPN, o usuário impede que seu comportamento na internet seja observado ou rastreado. Ou seja, os sites não conseguem utilizar o IP da máquina para identificar a localização do usuário, por exemplo. É assim, por exemplo, que assinantes da Netflix que fazem uso de serviços de VPN têm acesso a conteúdos não liberados em sua região. Foi assim também que os brasileiros conseguiram furar o bloqueio das operadoras solicitado pela Justiça de São Paulo contra o WhatsApp: fingindo que não estavam no Brasil.
Outra função das VPNs é conectar computadores distantes de redes particulares. Este uso é bastante comum por funcionários que precisam acessar a rede da empresa quando estão em casa ou em viagens. Com o uso da VPN, a rede do trabalho identifica o IP da máquina, normalmente com ajuda de login e senha do funcionário, dando acesso a informações privadas que só estariam disponíveis na companhia.
Segundo Gallo, "o objetivo fundamental da VPN é ligar duas redes como se elas estivessem no mesmo local". Esconder o endereço IP é uma decisão que normalmente cabe ao usuário e que está atrelada à escolha do serviço de VPN que será utilizado. Se o objetivo é acessar uma rede corporativa, por exemplo, a VPN pode exigir que o servidor identifique o endereço real do usuário. Por outro lado, se a intenção for acessar conteúdos bloqueados, dependendo do serviço utilizado, a VPN não dará essa informação ou permitirá que o usuário escolha outro País como local de acesso.
VPN: segurança e privacidade
"Os protocolos da internet não foram feitos pensando em segurança e privacidade", explica Vitor Vianna, engenheiro da F-Secure, e por isso a VPN é tão interessante. "Quando você está utilizando uma rede normal, essa comunicação não está encriptada". Por serem criptografadas, isto é, codificadas, as redes privadas dificultam o acesso de terceiros às informações.
De acordo com Vianna, ao usar uma rede comum, o usuário deixa rastros que podem ser utilizados de diversas formas. Uma delas é a publicidade: logo após o usuário visitar uma loja virtual são exibidos anúncios com produtos semelhantes aos acessados. Quase todo mundo já passou por isso. Vianna acredita que o rastreamento das páginas visitadas pelo usuário é "uma perda de privacidade muito grande" e sugere que o usuário utilize VPNs como solução.
O preço de uma licença de um serviço de VPN varia de acordo com a quantidade de dispositivos contratados. Grande parte dos serviços disponíveis é pago anualmente e com, aproximadamente, R$ 150 ao ano é possível usar o programa em até três aparelhos. Há também a opção de utilizar serviços de VPN gratuitos. Entretanto, Vianna alerta que o usuário precisa tomar algumas precauções antes de escolher estes serviços. "Quando a pessoa fala que esse serviço não tem custo, normalmente o que ela usa para bancar o serviço são suas informações pessoais".
Popular serviço para visualizar sites e vídeos bloqueados geograficamente, o gratuito Hola foi acusado de vender as conexões dos seus usuários para hackers realizarem ataques que tiravam sites do ar em meados do ano passado. Vianna também lembra que, além da reputação do serviço, o usuário precisa ler os termos de uso. "As pessoas não leem estes termos de uso e perdem um pouco da própria privacidade", alerta.