Conheça Mark Davis, o senhor de 63 anos responsável por padronizar emojis

Fundador do Unicode Consortium lembra que antes da internet sequer havia padrão de textos entre as fabricantes

Foto: Reprodução/Google Plus
Davis lembra da falta de padrão entre computadores na década de 80

Considerado a evolução dos antigos emoticons, os emojis se tornaram realmente populares nos últimos anos. Em vez de desenhos simples feitos a partir de caracteres, os emojis são mais elaborados e oferecem dezenas de opções para os usuários. Em entrevista para a Time, Mark Davis, um dos responsáveis pela criação dos emojis como conhecemos hoje, explicou como a linguagem foi criada. Aos 63 anos, Davis trabalha no Google e é fundador e presidente da Unicode Consortium. A organização é formada principalmente por voluntários que trabalham em empresas de tecnologia. Uma das tarefas da equipe é decidir quais ícones serão adicionados à coleção.

"Nós começamos esse projeto antes mesmo do início da web. Percebemos que os computadores haviam se isolado", lembra. Qualquer caractere digitado no computador ou no smartphone, conta com um código próprio. Ao final dos anos 80, o grande problema era a falta de padrão para estes códigos, pois as fabricantes usavam diferentes métodos para codificar os caracteres.  "É fundamental que todos usem os mesmos números pois, senão, o texto fica ilegível", explica Davis. Utilizada até hoje, a codificação única criada pela organização facilitou a comunicação entre os sistemas.

Quando os emojis surgiram no Japão, no final dos anos 90, eles eram utilizados pelas principais operadoras de telefonia do país. Novamente, as empresas não conseguiram unificar as figuras e seus códigos para enviar e receber mensagens corretamente entre diferentes aparelhos. Com isso, a Unicode ficou encarregada de chegar a um padrão que pudesse ser usado por todas as empresas. A primeira versão dos emojis da Unicode só ficou pronta em 2010, quando o projeto passou a ser utilizado por dispositivos iOS e Android.

Mesmo com a padronização entre diferentes empresas, Davis acredita que os usuários atribuem significados próprios para cada ícone. "Geralmente, as pessoas pensam que o emoji é uma linguagem universal, mas na verdade não é. Diferentes culturas darão sentidos distintos para os emojis", explica Davis.

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Primeiros emojis da Unicode ficaram prontos em 2010 e passaram a ser utilizados por dispositivos Android e iOS

A Unicode permite a qualquer pessoa criar um novo emoji. O site da organização  oferece informações sobre como enviar as sugestões. "Você só precisa dizer por que seria um emoji popular", explica. Entretanto, Davis lembra que o argumento deve ser bem elaborado. "Você não pode simplesmente dizer, 'Bem, eu acho que um emoji bêbado seria popular porque meus amigos disseram que sim'".

Perguntado sobre o pedido de usuários por mais diversidade de raça e gênero, Davis explica que este foi um grande desafio para a Unicode. "Quando desenhamos os emojis, o objetivo era ser o mais neutro possível". A organização levou cerca de um ano para chegar a um modelo que consideraram funcionar. "Nós demoramos para saber como lidar com isso pois o que não queríamos era aumentar demais o número de emojis". Atualmente, alguns emojis contam com uma seta no lado direito indicando que oferecem outros tons de pele. Davis lembra que os usuários podem entrar em contato com os fabricantes do celular para enviar comentários sobre a diversidade de emojis. Com um número significativo de pedidos, as empresas podem enviar os comentários para a organização.

Apesar do sucesso dos emojis, Davis acredita que este não é o seu principal projeto. Para ele, o objetivo real da Unicode é permitir que qualquer pessoa no mundo utilize seu próprio idioma em computadores e smartphones. "Existem diversos idiomas no mundo que estão sendo digitalmente desfavorecidos", afirma. "Trabalhamos para melhorar o suporte para todos os idiomas no mundo".