WhatsApp remove contas responsáveis por disparo em massa de fake news

Decisão foi motivada por uma reportagem publicada pela Folha de S. Paulo que denuncia empresas suspeitas de disseminar conteúdos falsos no app

Em comunicado enviado à Agência Brasil, a assessoria do WhatsApp informou que também foram canceladas “centenas de milhares de contas durante o período das eleições no Brasil”
Foto: Shutterstock
Em comunicado enviado à Agência Brasil, a assessoria do WhatsApp informou que também foram canceladas “centenas de milhares de contas durante o período das eleições no Brasil”

O WhatsApp está tomando medidas contra empresas que atuam com o envio em massa de conteúdos falsos ou enganosos, inclusive banindo contas no aplicativo associadas a essas organizações. A informação foi repassada à Agência Brasil nesta sexta-feira (19) pela assessoria da empresa de tecnologia.

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A iniciativa foi motivada por uma reportagem publicada ontem (18) pelo jornal Folha de S. Paulo . Segundo denuncia o texto, empresas de marketing digital custeadas por empresários estariam disseminando fake news em milhares de grupos do WhatsApp .

No comunicado, a assessoria da empresa informou que também foram canceladas “centenas de milhares de contas durante o período das eleições no Brasil”. “Temos tecnologia de ponta para detecção de spam que identifica contas com comportamento anormal para que não possam ser usadas para espalhar desinformação”, acrescentou a nota.

A reportagem da Folha de S. Paulo  ainda apontou uma rede de empresas de marketing digital contratadas para efetuar os disparos em massa. Os contratos, que chegariam até R$ 12 milhões, seriam bancados por empresários próximos ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), como Luciano Hang, da rede de varejo catarinense Havan.

Ações

Foto: Ricardo Stuckert
O PT, partido de Fernando Haddad, entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cobrando uma apuração, por parte do WhatsApp, sobre o que publicou a Folha de S. Paulo

O PT, sigla do presidenciável Fernando Haddad , entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cobrando uma apuração do ocorrido. Além de investigação dos empresários e de seu vínculo com Bolsonaro, o partido requereu que a Justiça Eleitoral dê 24 horas ao WhatsApp para bloquear o envio das mensagens em massa pelas empresas citadas na reportagem.

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Você viu?

Pelo Twitter, Jair Bolsonaro afirmou que não tem controle sobre apoios voluntários e afirmou que o PT não está sendo prejudicado por “ fake news ”, mas pela “verdade”. Em seu perfil no Facebook, Luciano Hang disse que vai processar a Folha de S. Paulo  e desafiou o jornal a mostrar os contratos de envio de mensagens em massa.


"O WhatsApp preocupa"

Foto: Divulgação/TSE
No balanço do 1º turno, a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, alertou para o problema das fake news no WhatsApp, em especial as que colocam em dúvida a lisura do processo eleitoral

O fenômeno das notícias falsas vem marcando as eleições deste ano. A missão internacional da Organização dos Estados Americanos (OEA) manifestou preocupação com o fenômeno da desinformação. No balanço da votação do 1º turno, a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, também alertou para o problema, em especial sobre vídeos e mensagens colocando em dúvida a lisura do processo eleitoral.

Leia também: Só 8% das imagens compartilhadas no WhatsApp são verdadeiras, revela pesquisa

O WhatsApp tem sido o foco de maior preocupação. Um estudo de professores da USP, UFMG e a Agência Lupa realizado em 347 grupos na plataforma encontrou, entre as imagens mais compartilhadas, um índice de apenas 8% de caráter verdadeiro.


*Com informações da Agência Brasil