Telegram vai na contramão do WhatsApp e amplia alcance de mensagens no app

Em resposta às mudanças do WhatsApp, que decidiu reduzir o número de destinatários em encaminhamento de mensagens, o Telegram expandiu ainda mais o número máximo de integrantes de grupos em sua plataforma

Aplicativo Telegram anunciou atualização que amplia número de integrantes em grupos
Foto: shutterstock
Aplicativo Telegram anunciou atualização que amplia número de integrantes em grupos

O Telegram, aplicativo de mensagens que busca concorrer com o WhatsApp, anunciou uma atualização que dobra o número máximo de pessoas em um único grupo, passando de 100 mil para 200 mil usuários. O movimento ocorre um dia após o WhatsApp reduzir para cinco o número de destionatários em mensagens encaminhadas .

"Caso você já tenha se sentido sozinho em um grupo com 100 mil pessoas, o Telegram agora permite grupos de até 200 mil membros — para que você possa se sentir duas vezes mais solitário", brincou a empresa no anúncio da atualização.

A atualização vai na direção oposta das redes sociais mais utilizadas do mundo, sobretudo Facebook e WhatsApp , que buscam formas de controlar a disseminação de fake news, um fenômeno mundial que ganhou proporções ainda maiores no Brasil no período eleitoral.

Nesta segunda-feira, o WhatsApp anunciou que iria passar a limitar o encaminhamento de mensagens, reduzindo o número de destinatários possíveis de 20 para 5 em todo o mundo, em mais uma tentativa de evitar a propagação de boatos na rede.

Foto: Paola de Orte/Agência Brasil
Eduardo Bolsonaro criticou WhatsApp e sugeriu migração para Telegram e outras redes

Leia também: Fake news marcaram as eleições de 2018; relembre as 10 mais emblemáticas

Você viu?

Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República e deputado federal mais votado da história do País ao obter 1.814.443 de votos, criticou a mudança e sugeriu a migração de sua rede de apoiadores para outros aplicativos de mensagens que não controlem o envio de mensagens e dão total liberdade ao compartilhamento de mensagens.

O argumento do deputado, dos seguidores da família Bolsonaro de modo geral e até mesmo de eleitores de Donald Trump nos Estados Unidos, tem como base a defesa da liberdade de expressão, justificando a proliferação de discursos violentos como um direito individual, minimizando os efeitos práticos dessas falas e o que representa a união desses grupos nas redes.

Em setembro, o fundador do aplicativo Gab, Andrew Torba, afirmou que “quando Bolsonaro se juntar ao Gab, o Twitter vai morrer no Brasil e a mídia vai entrar em pânico”. A rede social se diz apolítica e possui mais de 600 mil usuários pelo mundo, sendo que cerca de 30% desse tráfego vinha do Brasil em meados de outubro de 2018, período eleitoral. O crescimento da rede no País se deu justamente no segundo semestre do ano passado.

O discurso contra a grande mídia também é reforçado quando as redes sociais tomam a posição de protagonista na comunicação, o que pode perpetuar a disseminação de notícias falsas e enfraquecer o debate público. A Agência Lupa realizou um levantamento em 347 grupos do WhatsApp que aponta que, entre 16 de setembro e 7 de outubro (período de campanha eleitoral no Brasil), somente 8% das imagens enviadas podiam ser classificadas como verdadeiras .

WhatsApp, Facebook e Twitter tomam medidas para evitar o compartilhamento de notícias falsas, discursos de ódio, páginas spam, uso de robôs como forma de controlar o que é propagado nas redes. Na contramão estão outras redes, como o Telegram , que aderem ao discurso que conquista cada vez mais seguidores e diz prezar pela liberdade individual. Com o aumento do número de participantes em grupos, se torna ainda mais difícil controlar o que é compartilhado.