Twitter é acusado de racismo depois de algoritmo privilegiar pessoas brancas
Em testes, usuários perceberam que a ferramenta de corte de imagens da rede social costuma focar em rostos brancos
A ferramenta de corte automático de fotos no Twitter gerou polêmica nesse final de semana. Usuários da rede social começaram a fazer testes e perceberam que o algoritmo parece favorecer pessoas brancas a pessoas negras.
A ferramenta de corte inteligente do Twitter foi lançada em 2018 e, na ocasião, a empresa disse
que sua inteligência artificial foca nas partes "salientes" das imagens para realizar o corte. "Em geral, as pessoas tendem a prestar mais atenção a rostos, textos, animais, mas também a outros objetos e regiões de alto contraste", definiu a rede social, sem entrar em muitos detalhes.
Desde então, muitas pessoas têm tentado descobrir o que o algoritmo destaca. Neste final de semana, várias delas perceberam que pessoas brancas são favorecidas. Em testes, os usuários começaram a publicar imagens com homens brancos e homens negros. Independente da ordem em que eles estavam na imagem original, o corte sempre focava no rosto do homem branco.
Em alguns testes, os internautas colocaram uma imagem vertical com um homem branco, um espaço e um homem negro. Na seguinte, com a ordem trocada. Em ambos os casos, o corte privilegiou o homem branco. Outros exemplos foram além: uma imagem com 11 rostos negros e um branco foi publicada, e o corte focou no único homem branco. Veja alguns exemplos abaixo (as imagens completas podem ser vistas clicando sobre o corte).
Testando pic.twitter.com/IHxILdVi0g
— Pam Beesly (@itsfabiojunior) September 20, 2020
Trying a horrible experiment...
— Tony “Abolish (Pol)ICE” Arcieri 🦀 (@bascule) September 19, 2020
Which will the Twitter algorithm pick: Mitch McConnell or Barack Obama? pic.twitter.com/bR1GRyCkia
Você viu?
Vejamos... pic.twitter.com/uf0He4pZbc
— jessica batan (@jessicabatan) September 20, 2020
não é possível que..
— perezeu ✊🏽✊🏾✊🏿 (@rodolfozerep) September 20, 2020
é possível sim pic.twitter.com/NHjF8BKjSP
O que diz o Twitter
O CDO do Twitter, Dantley Davis disse estar incomodado com o que os usuários descobriram. "Estou tão irritado com isso quanto todo mundo. No entanto, estou em posição de consertar isso e irei", tuitou.
"Isso é 100% nossa culpa. Ninguém deveria dizer o contrário. Agora, o próximo passo é corrigir isso", disse em outra publicação. Dantley ainda afirmou que o caso está sendo investigado.
Em nota, o Twitter disse que terá que fazer novas análises. Confira o posicionamento oficial:
Fizemos uma série de testes antes de lançar o modelo e não encontramos evidências de preconceito racial ou de gênero. Está claro que temos mais análises a fazer. Continuaremos compartilhando nossos aprendizados e medidas, e abriremos o código para que outros possam revisá-lo. https://t.co/yZphB9pK5p
— Twitter Brasil em 🏠 (@TwitterBrasil) September 21, 2020