Jeff Bezos x Richard Branson: entenda as diferenças dos voos espaciais

Bilionários fazem corrida espacial usando técnicas diferentes

Jeff Bezos após o voo
Foto: Reprodução/Blue Origin
Jeff Bezos após o voo

Desde que o britânico Richard Branson se tornou o primeiro dos três bilionários protagonistas da atual corrida a viajar ao espaço , a empresa do fundador da Amazon, Jeff Bezos , minimizou o feito do rival. Nesta terça-feira (20), Bezos fez seu voo, acompanhado de mais três tripulantes : seu irmão Mark Bezos, a pioneira espacial Wally Funk, de 82 anos, e o estudante de apenas 18 anos Oliver Daemen. Os dois útimos são a pessoa mais velha e a mais nova a irem para o espaço.

Há semelhantes e diferenças nos voos dos dois bilionários. Ambos são chamados de suborbitais , ou seja, as espaçonaves não entram na órbita da Terra . Elas sobem e voltam ao chão, fazendo uma curva.

Entre as diferenças está o meio de transporte utilizado. Enquanto Branson voou a bordo do WhiteKnightTwo, um avião não convencional, que foi batizado de VSS Unity e desenvolvido pela Virgin Galactic , Bezos foi ao espaço a bordo de uma cápsula impulsionada por um foguete , a New Shepard , desenvolvida pela Blue Origin .

A New Shepard tem 18,3 metros de altura e é completamente autônoma. Por isso, o voo da Blue Origin será o primeiro voo suborbital a ser realizado sem piloto. Além disso, a cápsula e o foguete que levaram Bezos e mais três tripulantes foram lançados a partir de uma base no meio de um deserto no Texas, enquanto que a VSS Unity foi lançada de uma pista de um astroaeroporto construído pela própria Virgin Galactic.

Outra diferença é a altura dos voos. O voo de Branson atingiu altura máxima de 86 quilômetros acima do nível do mar, mais que os 80 quilômetros considerados nos EUA como a fronteira entre a atmosfera da Terra e o espaço sideral. No entanto, a Federação Internacional de Aeronáutica (FIA) estabeleceu esse limite em cem quilômetros de altura, marca que a empresa de Bezos  ultrapassou no voo de hoje.

Esse ponto é chamado de Linha de Kármán , uma referência ao engenheiro aeroespacial húngaro-americano Theodore von Kármán, que se dedicou a estudar o tamanho da atmosfera nos anos 1950. Apesar de alimentar a disputa comercial entre as duas empresas, não há uma convenção internacional sobre isso.

A atmosfera vai ficando rarefeita quanto mais longe do nível do mar. Como não é possível precisar onde ela termina, a agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa , arbitraram essa fronteira em 80 quilômetros. Mas a aeronáutica internacional, adotada pela maioria dos países, manteve os cem quilômetros de altura.

Do ponto de vista científico, a questão não é tão relevante, já que os dois voos podem ser considerados suborbitais, ou seja, atingiram o espaço e uma condição de ausência de gravidade. Em 2018, a própria FIA abriu um diálogo com especialistas sobre a possibilidade de baixar a linha de Kárman para 80 quilômetros, como fez a Nasa, diante de análises científicas reconhecidas como válidas nessa direção.

Ainda que os estudos tenham identificado essa fronteira entre 80 e cem quilômetros, há evidências científicas de que gases terrestres podem ser encontrados a mais de 600 quilômetros da superfície da Terra. Neste caso, nenhum dos dois bilionários seria ainda capaz de chegar perto da chamada fronteira do espaço sideral.