Elon Musk diz que vai monitorar Amazônia, mas sua empresa não faz isso

Bilionário disse, ao lado de Bolsonaro, que SpaceX pode ajudar no monitoramento da região, mas especialistas dizem que o serviço oferecido não é o ideal

Elon Musk e Jair Bolsonaro se encontram nesta sexta-feira (20)
Foto: Reprodução/YouTube - 20.05.2022
Elon Musk e Jair Bolsonaro se encontram nesta sexta-feira (20)

Em encontro com o presidente Jair Bolsonaro, o empresário Elon Musk afirmou que sua empresa SpaceX, através da internet via satélite Starlink, vai monitorar a Amazônia. Quando perguntando sobre como essa operação garantiria a preservação ambiental na região, Musk falou apenas da conectividade.

"Você pode produzir muitas imagens e vídeos para tentar entender o que está acontecendo. Você precisa dessa conectividade", afirmou.

Mas o que a tecnologia da Starlink permite é somente conexão remota e envio de fotos e vídeos, como qualquer troca de arquivos, por exemplo, via Whatsapp.

Apenas o monitoramento – ou seja, uso de sistemas que façam a interpretação das imagens captadas a partir de um profundo conhecimento da área – permite a preservação, afirmam especialistas.

Esse monitoramento, cujos sistemas no Brasil têm enorme respaldo científico internacional, mostra que o desmatamento avança na Amazônia, ao contrário do que o presidente Bolsonaro sugeriu. "Contamos com Elon Musk para que a Amazônia seja conhecida por todos, no Brasil e no mundo. Mostrar a exuberância dessa região, como ela é preservada por nós e quanto malefício causa para nós aqueles que difundem mentiras sobre essa região", afirmou o presidente.

Bolsonaro ainda disse que o acordo entre o governo federal e a SpaceX é "o início de um namoro que com certeza será um casamento". O governo não informou como essa parceria seria viabilizada nem que contrapartidas exigiria.