Brasil: Facebook aprovou anúncios com desinformação eleitoral, diz ONG

Global Witness criou dez anúncios com informações falsas sobre as eleições deste ano, e todos eles foram liberados pela rede social

Facebook libera anúncios falsos
Foto: Unsplash
Facebook libera anúncios falsos

Um relatório da ONG internacional Global Witness, divulgado nesta segunda-feira (15), revela que o Facebook permitiu a circulação de anúncios que continham desinformação a respeito das eleições brasileiras de 2022.

A Global Witness realizou um teste e publicou 10 anúncios com informações falsas a respeito das eleições deste ano. Todos eles foram aceitos pelo Facebook, mesmo com a empresa  afirmando que está aumentando o monitoramento de conteúdo eleitoral em suas plataformas.

Os anúncios que passaram pelos critérios do Facebook violavam as políticas de anúncios eleitorais da Meta e as diretrizes da comunidade. Enquanto alguns tinham datas e locais de votação errados, o que poderia impedir cidadãos brasileiros de votarem, outros criticavam as urnas eletrônicas.

Além de violarem as regras, os anúncios foram feitos de fora do Brasil, pagos com um método de pagamento não brasileiro e através de uma conta que não tinha sido verificada pelo Facebook, afirma a Global Witness.

A ONG ainda diz que a descoberta relacionada ao cenário brasileiro é similar a outras já feitas em relação ao discurso de ódio praticado em plataformas da Meta em países como Mianmar, Etiópia e Quênia.

"O Facebook sabe muito bem que sua plataforma é usada para espalhar desinformação eleitoral e minar a democracia em todo o mundo", diz Jon Lloyd, consultor sênior da Global Witness. "Apesar dos autoproclamados esforços do Facebook para combater a desinformação, particularmente em eleições de alto risco, ficamos chocados ao ver que eles aceitaram todos os anúncios de desinformação eleitoral que enviamos no Brasil".

"O Facebook pode e deve fazer melhor. Não basta dizer que eles contrataram milhares de moderadores de conteúdo e investiram na detecção com inteligência artificial quando claramente essas salvaguardas estão falhando. Eles precisam mostrar seu trabalho", completa Lloyd.

A reportagem entrou em contato com a Meta, que disse que se preparou "extensivamente para as eleições de 2022 no Brasil" e que está comprometida "em proteger a integridade das eleições no Brasil". Confira o posicionamento completo:

"Nos preparamos extensivamente para as eleições de 2022 no Brasil. Lançamos ferramentas que promovem informações confiáveis por meio de rótulos em posts sobre eleições, estabelecemos um canal direto para o Tribunal Superior Eleitoral nos enviar conteúdo potencialmente problemático para revisão e seguimos colaborando com autoridades e pesquisadores brasileiros. Nossos esforços na última eleição do Brasil resultaram na remoção de 140.000 conteúdos no Facebook e no Instagram por violarem nossas políticas de interferência eleitoral. Também rejeitamos 250.000 submissões de anúncios políticos não autorizados. Estamos comprometidos em proteger a integridade das eleições no Brasil e no mundo".