Big Techs retrocedem e "param no tempo" no monitoramento eleitoral

Meta e X restringiram acesso a coleta de dados das redes

Desde que Musk assumiu o controle do X, a rede deixou de ofertar a ferramenta para coleta de dados gratuitamente
Foto: ESTADÃO CONTEÚDO
Desde que Musk assumiu o controle do X, a rede deixou de ofertar a ferramenta para coleta de dados gratuitamente

O monitoramento de narrativas criadas durante as eleições  nas redes sociais apresentou retrocesso para as eleições municipais de 2024, em comparação com as últimas eleições. As ferramentas disponibilizadas pelas plataformas digitais também não avançaram no combate à desinformação e praticamente "pararam no tempo" em relação ao último pleito. 

A Meta, por exemplo, dona de Facebook, WhatsApp e Instagram, restringiu o acesso a essas ferramentas, assim como o X (Ex-Twitter). Além delas, TikTok e Kwai, que vêm ganhando espaço nos últimos anos, sequer tem configurações para coleta e monitoramento de dados.

Por exemplo, no caso da Meta, a ferramenta chamada CrowdTangle deixou de estar acessível. A funcionalidade permitia identificar conteúdos virais no Facebook e Instagram, além de monitorar páginas específicas como perfis de políticos.

No seu lugar, a Meta inseriu a Biblioteca de Conteúdo da Meta e sua respectiva API, que restringe o rol de perfis a serem monitorados e quem pode usá-la. Agora, podem solicitar acesso pessoas de instituições acadêmicas ou sem fins lucrativos, além de checadores de fatos independentes parceiros da Meta, excluindo jornalistas.

à Folha de São Paulo, pessoas que usam o serviço apontam também que cresceu a burocracia para conseguir acessar a ferramenta. Por exemplo, agora, a documentação precisa ser enviada em inglês e é aprovada por projeto, não por organização.

Clarice Tavares, coordenadora de pesquisa no InternetLab, disse ao jornal que entende as mudanças por conta da privacidade dos dados pessoas, mas ainda assim vê com receio as mudanças. 

"Esse anúncio da Meta é uma gota d'água nesse grande cenário de plataformas cada vez mais fechadas. É um problema bem sério para pesquisa."

No X, desde que o bilionário Elon Musk assumiu a rede, tornou-se pago o acesso a estes dados. O X também encerrou o acesso gratuito à sua ferramenta de monitoramento, o TweetDeck.

Em relação ao TikTok, apenas pedidos dos EUA e da Europa são atendidos para coleta de dados. O Kwai também não possui nem API nem ferramenta para monitoramento.

Já YouTube e Telegram são apontados como exemplos de melhoria no quesito.

O YouTube mantém disponível a interface para programadores. Segundo os entrevistados pela Folha, a empresa não fez alterações significativas.