Em estudo publicado na revista Science na última quinta-feira (2), pesquisadores levantaram um alerta: o Hemisfério Sul está cada vez mais seco — e inclusive tem secado mais do que o Hemisfério Norte nas últimas duas décadas (2001-2020).
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No artigo, os autores sugerem que a principal causa é o fenômeno climático conhecido como El Niño, que ocorre a em períodos que variam de um a 10 anos, quando a água do oceano no Pacífico oriental fica mais quente que o normal.
Para chegar a essa descoberta, os cientistas utilizaram dados de satélites e medições de fluxos de rios e riachos, e então modelaram e calcularam mudanças na disponibilidade de água (a diferença líquida entre a quantidade de água fornecida à paisagem, na forma de chuvas na terra, e a água removida para a atmosfera por evaporação geral ou pelas plantas através de suas folhas).
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O alerta remete a uma forte diminuição na disponibilidade de água na América do Sul, na maior parte da África e no centro e noroeste da Austrália.
Quais as consequências da secagem?
O mesmo estudo sugere que a disponibilidade de água no Hemisfério Norte é equilibrada, por conta das extensas influências humanas, como irrigação, barragens e produção de alimentos. Mas o que acontece se o Hemisfério Sul seca mais do que o Norte?
Conforme apontam os pesquisadores, parte da resposta está nas regiões que provavelmente sofrerão maior secagem. A América do Sul, por exemplo, inclui a floresta amazônica, que é um regulador chave para o clima, bem como um habitat globalmente importante para espécies e lar de muitas comunidades indígenas.
A estimativa é que a secagem da floresta tropical reduziria a vegetação e aumentaria o risco de incêndio. Além disso, as alterações na disponibilidade de água aumentariam a pressão sobre os sistemas alimentares mundialmente.
Os pesquisadores também se referem à seca na maior parte de África como um "verdadeiro desafio", levando em consideração que o continente tem muitas zonas climáticas e contrastes socioeconômicos, com recursos limitados.
Ainda não se sabe o nível do perigo
No entanto, a própria equipe reconhece que, tal como acontece com muitos aspectos do clima, a natureza exata e a escala das mudanças e dos impactos são difíceis de prever ou modelar à escala local ou regional.
De qualquer forma, o estudo aponta para mudanças claras nos padrões e processos climáticos complexos no Hemisfério Sul, que devem reduzir a disponibilidade de água durante os eventos do El Niño.
Mas um alerta do grupo é que essa secagem deve gerar tensões adicionais nos habitats, além de um impacto nas populações humanas com diferentes capacidades de adaptação. Até os sistemas alimentares globais devem estar em risco. Em 2022, pesquisadores já tinham relatado que a temperatura do oceano no hemisfério Sul está aumentando .
Leia a matéria no Canaltech .
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