Tatuagem dá câncer? Entenda a polêmica do mais novo estudo
Augusto Dala Costa
Tatuagem dá câncer? Entenda a polêmica do mais novo estudo

Em um estudo sueco, pesquisadores afirmam ter encontrado uma possível ligação entre tatuagens e risco de câncer, especificamente linfoma, que atinge o sistema linfático. Embora estudos anteriores já tenham comentado sobre o tema, a correlação é vista com desconfiança por pesquisadores, que a veem como “exagerada”.

A análise veio de acadêmicos da Universidade de Lund que estudaram o tema por considerarem as tatuagens e seus efeitos no corpo a longo prazo pouco conhecidos pela ciência, especialmente quando há tantos tatuados pelo mundo — só nos Estados Unidos, cerca de ⅓ da população tem ao menos uma tatuagem , segundo levantamento de 2023.

O Linfoma é um câncer do sistema linfático. Seus fatores de risco são enfraquecimento do sistema imune, principalmente quando causado por doenças como AIDS e infecções como a de Epstein-Barr, além de idade avançada e histórico familiar. Exposição a herbicidas e pesticidas, por exemplo, também aumentam as chances de desenvolvimento de linfoma.

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Tatuagens e câncer

Os responsáveis pelo estudo realizaram questionários em 2021, onde fatores de estilo de vida passíveis de aumentar as chances de linfoma foram avaliados, além da presença de tatuagens nos entrevistados.

Para quem era tatuado, o risco de linfoma era 21% maior — por “risco”, entende-se que 21% dos entrevistados tatuados apresentaram a doença, não que a tatuagem em si causa a condição. Em outras palavras, é uma associação, e não uma ligação direta.

Um dos aspectos considerados curiosos pela equipe é que nem o tamanho nem a quantidade de tatuagens influenciou em maior ou menor risco, algo também apontado como sinal de que a modificação corporal não influenciaria realmente nas chances de desenvolver a doença.

Uma das teorias diz que tatuagens, independente do tamanho, gerariam uma inflamação leve no corpo, que poderia levar ao câncer. Se a resposta imune influenciasse tanto assim, dizem críticos à pesquisa, o tamanho faria diferença.

Outra possibilidade levantada pelos pesquisadores é a de que algumas tintas usadas para tatuagem podem conter produtos químicos carcinogênicos, como metais e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos. A tinta, por vezes, também pode viajar pelo corpo e ficar presa nos linfonodos, ser expelida ou até mesmo alterar a conformação das hemoglobinas, embora o efeito direto disso na saúde ainda seja desconhecido. Em alguns países, certos pigmentos são banidos por conter metais em sua composição — como o Brasil, que proíbe tintas usadas no exterior, por exemplo.

Tatuagens e Anvisa

Infecções, em geral, são raras após tatuagens, segundo estudos, e países como o Brasil regulam os tipos de tinta que podem ser usadas, evitando o uso de produtos potencialmente perigosos de maneira oficial. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informa que equipamentos e tintas utilizadas em tatuagem devem ser registrados, a fim de garantir a segurança ao usuário, evitando o uso de substâncias nocivas.

As exigências estão na resolução RDC 55 de 2008, que classifica a tatuagem como pigmentação artificial permanente. Apenas três marcas de tinta de tatuagem são autorizadas pela Anvisa. São elas:

  • Tinta para tatuagem Starbrite Colors – Amazon Indústria, Comércio, Exportação e Importação de Produtos Especializados

  • Tinta para tatuagem Electric Ink – Electric Ink Indústria Comércio, Importação e Exportação LTDA

  • Tinta para tatuagem Iron Works – Brasil LTDA

Em resumo, ainda não há evidências fortes e diretas entre tatuagens e câncer, e, para encontrá-las ou descartá-las, mais estudos serão necessários.

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