A terapia com células CAR-T é considerada um dos tratamentos mais avançados contra o câncer , mas alguns testes de segurança ainda estão em andamento. Agora, pesquisadores da Universidade Stanford, nos EUA, apontam para riscos bem baixos em relação ao câncer secundário.
Aqui, vale explicar a diferença entre o câncer primário e o secundário. No primeiro caso, as células cancerígenas estão limitadas a uma única região. É o caso de um câncer de mama que começa na própria mama da paciente. Já o secundário é mais comum em metástases, quando as células cancerígenas “originais” se espalham para outros órgãos, indo do pulmão para o cérebro .
Em novembro do ano passado, a agência Food and Drug Administration (FDA) emitiu um alerta para o fato de que o tratamento CART-T poderia elevar as chances do câncer secundário, especialmente do linfoma (tipo de câncer no sangue) . Isso seria como um efeito colateral indesejado da terapia oncológica.
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Buscando entender se o risco era real, os cientistas de Stanford revisaram os dados de saúde de mais de 700 pacientes que trataram o câncer com as células CAR-T em estudo publicado na revista The New England Journal of Medicine . "Nossos resultados destacam a raridade dos tumores secundários", afirmam os autores.
CAR-T e câncer secundário
O possível risco destacado pela FDA não é infundado e deve ser visto como uma medida preventiva diante de uma nova tecnologia que está em fase de validação.
Afinal, durante as terapias com células CAR-T, os médicos utilizam um tipo de glóbulo branco, conhecido como linfócito T autólogo, que foi colhido do próprio paciente. No entanto, esses glóbulos são editados em laboratório para atacar as células cancerígenas.
Estudo de Stanford
No estudo norte-americano, os pesquisadores calcularam que o risco de um paciente tratado com CAR-T desenvolver um tumor secundário em até três anos é de 6,5%, o que foi classificado como um risco baixo. Então, os benefícios superam os riscos.
Além disso, foi revelado que a principal causa desses tumores está no nível elevado de imunossupressão (perda da resposta imune devido a uma doença), sem relação com as células CAR-T modificadas.
Quando esse tipo de tumor aparece, as células cancerígenas já existiam em concentrações bem baixas e aproveitaram o momento de fraqueza do organismo para se proliferar, causando quadros de câncer no sangue. É a principal conclusão da pesquisa.
“Comparamos os níveis de proteína e sequências de RNA e DNA de células individuais em vários tecidos para determinar que a terapia não introduziu o linfoma”, detalha Ash Alizadeh, pesquisador de Stanford e autor do estudo, em nota.
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