Pela primeira vez, uma equipe internacional de cientistas conseguiu obter evidências de que as borboletas são capazes de percorrer longas distâncias voando e cruzar até o Oceano Atlântico, indo de um continente para o outro. Esta é a conclusão de um estudo liderado pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) da Espanha.
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O voo transoceânico de pelo menos 4.200 km da borboleta-bela-dama ( Vanessa cardui ), também conhecida como vanessa-dos-cardos, foi descrito em artigo publicado na revista Nature Communications . A viagem durou de 5 a 8 dias.
“As borboletas chegaram à América do Sul a partir da África Ocidental”, afirma Clément Bataille, coautor do estudo e professor da Universidade de Ottawa (Canadá), em nota.
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No entanto, esta jornada pode ter tido um ponto de partida ainda mais distante, “começando na Europa e passando por três continentes”, sugere Bataille. Se isso se confirmar, a jornada total terá sido de 7.000 km, o que é “um feito extraordinário para um inseto tão pequeno ”, pontua o cientista.
Borboletas cruzam o oceano Atlântico
Toda a pesquisa sobre o voo das borboletas começou com um achado inusitado. A espécie V. cardui foi encontrada nas praias da Guiana Francesa, sendo que esse tipo de borboleta não é nativa da América do Sul.
A primeira hipótese era de que as borboletas teriam voado da América do Norte para a Guiana, onde podem ser encontradas populações dessa espécie. Entretanto, a análise genética dos espécimes demonstrou que os dois grupos são distantes geneticamente. Por outro lado, esses insetos são bem aparentados com as populações que vivem na Europa e na África.
Através da análise de DNA do pólen encontrado nas borboletas, os pesquisadores encontraram material genético de duas espécies de plantas encontradas exclusivamente no continente africano. Aqui, foi comprovado o voo transoceânico.
Além disso, foram analisados os isótopos estáveis de hidrogênio e estrôncio das asas das borboletas — estas assinaturas indicam o local provável em que estiveram no estado larval. Muito possivelmente, elas nasceram na Europa Ocidental, o que fortalece a teoria de voo por três continentes.
Viagem é viável?
A equipe também precisou comprovar que realizar um voo tão longo era viável para as borboletas. Assim, os cientistas desenvolveram um modelo que estimou o custo energético da viagem. Sem nenhuma parada, essas borboletas voaram pelo menos 5 dias para atravessar o Atlântico, aproveitando as correntes de vento favoráveis.
“As borboletas só poderiam ter completado este voo utilizando uma estratégia alternando entre o esforço mínimo para evitar cair no mar, facilitado pelos ventos ascendentes, e o voo ativo, que exige maior consumo de energia”, afirma Eric Toro Delgado, pesquisador do CSIC e autor do estudo.
“Estimamos que, sem os ventos, as borboletas teriam voado no máximo 780 km antes de esgotar toda a sua gordura e, portanto, a sua energia”, pontua Toledo. Nessas condições, a travessia teria sido impossível.
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