Os trilobitas já foram os grandes reis dos mares do mundo, vivendo em todos os oceanos e exibindo suas carapaças através de uma diversa gama de espécies. Mesmo com todos os fósseis deixados para trás, os cientistas ainda não conhecem toda a anatomia dessas criaturas com centenas de milhões de anos — um achado no Marrocos, no entanto, revelou diversos segredos sobre esses antigos artrópodes, incluindo alguns de seus tecidos moles.
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Publicada na revista científica Science na última quinta-feira (27), a pesquisa dos novos fósseis teve a sorte de encontrar um grupo de trilobitas fossilizados sob as cinzas de um vulcão pré-histórico no Marrocos , ficando preservados de maneira semelhante às vítimas do monte Vesúvio, que atingiu as cidades de Pompeia e Herculano há quase 2.000 anos.
Novidades trilobitas
A escavação foi liderada por Abderrazak El Albani, geólogo da Universidade de Poitiers, na França. Os trilobitas estavam preservados nas Montanhas de Atlas , no Marrocos, e foram descobertos em 2015, apesar de estarem no local desde o Período Cambriano, 510 milhões de anos atrás.
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Na época, a região era composta por um mar raso, pontilhado por uma série de vulcões ativos . Foi o fluxo piroclástico da erupção de um deles que engolfou diversos espécimes.
Os antigos artrópodes estavam dentro de rochas vulcânicas , ou melhor, seus formatos, gravados nos minerais derivados das cinzas. Elas eram tão finas — como talco, nas palavras dos paleontólogos responsáveis — que a anatomia interna dos animais acabou preservada, incluindo o trato digestivo.
Em um deles, havia até mesmo sedimento no estômago, provavelmente ingerido logo antes da morte. Em outros, pequenos bivalves (braquiópodes) estavam grudados à carapaça, em uma relação de comensalismo congelada no tempo. Isso indica que o “enterro” foi bastante rápido.
Análises com raios-x e tomografia computadorizada geraram modelos 3D dos trilobitas, revelando estruturas já conhecidas, como as antenas e cerdas das patas, em grande detalhe, bem como novidades corporais.
Uma delas é o labrum, um tecido mole grudado próximo da parte dura da boca em fenda do animal, algo comum nos artrópodes modernos. Teorizava-se que os trilobitas teriam possuído a estrutura, mas é a primeira vez que ela se mostra em um fóssil.
O achado deve ajudar a classificar melhor esses antigos animais, mostrando à ciência onde ficam na família dos artrópodes e quais dos animais modernos são mais próximos deles, mas também pode levar a uma proteção melhor da herança paleontológica do Marrocos, altamente explorada por contrabandistas de fósseis. A situação é tão séria que o mercado é chamado de “economia trilobítica”.
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