Datacenters não gastam só energia elétrica. Dependendo da estrutura e de seu porte, uma unidade do tipo pode gastar muita água no controle de temperatura. Só os datacenters da Microsoft exigem 5,7 bilhões de litros de água por ano. A boa notícia é que a companhia assumiu o compromisso de reduzir essa quantidade em 95% até 2024. Mas como?
Controlar a temperatura de um datacenter é um cuidado essencial. Manter centenas ou milhares de servidores trabalhando em conjunto no mesmo espaço é uma atividade que resulta em muito calor, tanto que essas máquinas podem ficar instáveis ou, em situações extremas, ser danificadas se o resfriamento falhar por apenas alguns minutos.
Sistemas de resfriamento baseados em água costumam ser muito eficientes no resfriamento de datacenters. O problema é que o volume de água consumida nesses lugares é tão grande que poderia abastecer cidades inteiras.
Para reduzir a demanda por água, a Microsoft tem usado em seus datacenters um sistema de resfriamento adiabático, que capta ar externo para manter a temperatura dos servidores em patamares seguros. O problema é que, se a temperatura local ficar acima de 29 ºC, um sistema de resfriamento evaporativo, que também consome água, precisa entrar em ação. É preciso buscar soluções mais efetivas, portanto.
Servidores mergulhados em líquido especial
Para alcançar a meta de reduzir o consumo de água em 95% até 2024 — e, eventualmente, chega a uma redução de 100% —, a Microsoft aposta em duas estratégias principais.
A primeira, mais simples, consiste em aumentar os limites de temperatura que acionam os sistemas de resfriamento evaporativo. A companhia descobriu, por meio de uma pesquisa, que datacenters instalados em regiões mais frias — como Amsterdã, Dublin e Chicago — toleram ajustes mais altos de temperatura.
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Por outro lado, em regiões desérticas, o consumo de água continuaria elevado: a estratégia faria a Microsoft reduzir o consumo em até 60%, um patamar interessante, mas longe do almejado.
Eis então a segunda estratégia: nos datacenters instalados em lugares quentes e secos, a Microsoft pretende implementar a técnica de resfriamento em líquido fluorocarbono, um fluído não condutor e que não danifica componentes eletrônicos.
Nessa abordagem, os servidores são mergulhados em um tanque (sim, mergulhados) e o calor gerado pelos computadores faz o fluído entrar em ebulição ao atingir uma temperatura de aproximadamente 50 ºC.
Esse processo faz o calor dissipar. Além disso, o vapor resultante se condensa dentro do tanque e retorna para a imersão como se fosse uma chuva. Com isso, não há necessidade de a câmara ser reabastecida com o fluído a todo momento.
Microsoft quer ser positiva em água
Embora a técnica de resfriamento por mergulho se mostre muito promissora, há alguma incerteza sobre o funcionamento desse sistema em larga escala. Em abril, a Microsoft publicou resultados animadores sobre os testes feitos até então, mas estamos falando de uma tecnologia que ainda está em desenvolvimento.
De todo modo, a companhia parece disposta a encarar os desafios que surgirem, até porque reduzir o consumo de água em 95% até 2024 é apenas parte do processo. No ano passado, a Microsoft divulgou o plano de ser positiva em água até 2030, ou seja, de repor mais água do que consome.
É difícil, para não dizer impossível, alcançar essa meta sem apostar em estratégias ousadas.