O Google anunciou ontem (4) que finalmente conseguiu zerar sua pegada de carbono. Com o financiamento da produção de 3 gigawats (GW) de energia renovável, a empresa superou o seu próprio consumo de energia ao longo do ano de 2017 tornado-se a primeira gigante do mercado de tecnologia a atingir tal marca.
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A intenção do Google de alcançar essa meta foi anunciada ainda em 2007. Na ocasião, o vice presidente de operações, Urs Hoelzle, anunciou que a empresa pretendia zerar sua pegada de carbono até o final daquele ano já que via nas mudanças climáticas "um dos maiores e mais desafiadores problemas que o planeta enfrenta", mas como já sabemos, não foi possível alcançar o objetivo. Nem por isso ele foi abandonado.
Cinco anos depois da primeira tentativa fracassada, a empresa voltou a priorizar a meta e contratou a executiva Neha Palmer para ocupar a função de gerente de estratégia energética. Ela estava a frente do projeto que fez da Alphabet, dona do Google , a proprietária do maior parque de energia solar no mundo, inaugurado em 2012 no deserto de Mojave, nos Estados Unidos, próximo da fronteira entre os estados da Califórnia e Nevada.
Naquela ocasião, os investimentos em energia renovável da companhia já ultrapassavam US$ 1 bilhão, mas apenas 34% do total de energia consumida vinha de fontes renováveis. Com mais economia no gasto e investimento na fonte, o Google anunciou em 2015 uma meta mais realista: zerar sua pegada de carbono até o fim de 2017. Urs Hoelzle, que já tinha passado para o cargo atual de vice presidente de infraestrutura técnica, reapareceu em dezembro de 2016 para anunciar que eles estavam no caminho certo.
A companhia, no entanto, continuava com índices bem distantes da meta. Em 2016, o percentual não passou de 57%. Mas foi nesse mesmo ano que vários contratos foram firmados para garantir um salto no futuro, elevando os gastos em energia renovável para os atuais US$ 3 bilhões.
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Com os dados consolidados de 2017, tanto Urs Hoelze quanto Neha Palmer vieram a público para comunicar que a empresa tinha conseguido firmar contratos que produziram mais energia renovável do que os 3 GW consumidos por seus escritórios, datacenters e demais atuações ao redor do muno. Mais do que isso: agora o Google conseguiu uma certa margem para continuar expandindo suas operações.
Apesar de todo o dinheiro gasto, alcançar a meta, além de ser positivo para a imagem do Google, parece ter sido um bom negócio. As energias eólica e solar exigem investimentos iniciais maiores, porém, são significativamente mais baratas a médio e longo prazo. Tanta vantagem parece ter inspirado outras gigantes tecnológicas a seguir pelo mesmo caminho, o que seria ótimo para o meio ambiente.
Importância da energia renovável
Atualmente o Google (com larga vantagem) lidera o investimento em energia renovável no mundo, mas é seguido por outras empresas do ramo como Amazon, Microsoft e Apple.
O anúncio da Alphabet se torna ainda mais relevante após os Estados Unidos se tornarem o único país a não fazer parte do Acordo do Clima de Paris. Em junho do ano passado, o presidente Donald Trump cumpriu uma de suas promessas de campanha e retirou o país do tratado sob a justificativa de que os termos prejudicavam a competitividade das empresas americanas e pelo fato dos Estados Unidos serem um país com matriz energética suja: rico em gás, petróleo e carvão.
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Lideradas por gigantes americanas como Coca Cola, General Electric e Apple, as próprias empresas anunciaram sua intenção de seguir os termos do Acordo que pretende limitar o aquecimento global ao máximo de 2 ºC acima dos níveis pré-industriais. E a divulgação dos resultados desse investimento em energia renovável por parte do Google reforça esse entendimento.