O CEO da Uber , Dara Khosrowshahi, anunciou nesta terça-feira (8) que a empresa assinou uma espécie de contrato com a Nasa (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço, na sigla em inglês) para desenvolver um serviço aéreo de mobilidade urbana. Na prática, isso quer dizer que a empresa pode estar perto de finalmente começar a testar uma espécie de " carro voador ".
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O contrato é, na verdade, um Acordo de Lei Espacial (Space Act Agreement), nele a Uber se compromete a compartilhar com a agência espacial norte-americana todos os dados que envolvem tráfego aéreo, medidas para evitar colisões e até como pretende gerenciar o espaço aéreo, integrado aos demais serviços que fazem uso desse espaço, como os helicópteros, por exemplo.
O administrador associado do Diretório da Missão de Pesquisa Aeronáutica da Nasa, Jaiwon Shin, declarou que a "a Nasa está entusiasmada por fazer parceria com a Uber e outras pessoas da comunidade para intensificar os principais desafios enfrentados pelo mercado de mobilidade áerea urbana e explorar os requisitos necessários de pesquisa, desenvolvimento e testes para enfrentar esses desafios".
Ele também chegou a comparar os futuros carros voadores da Uber com os celulares no sentido de que o impacto dessa inovação no nosso estilo de vida pode impactar as pessoas da mesma forma que o surgimento dos smartphones já fizeram no passado.
O diretor-executivo da Uber, Dara Khosrowshahi , por sua vez, declarou acreditar que "as cidades vão se tornar verticais em termos de transporte. Queremos fazer disso uma realidades e queremos criar uma rede em torno desses veículos para que as pessoas possam pegar esses táxis no ar para distâncias mais longas, quando querem evitar o trânsito, a preços acessíveis."
Sobre esse último ponto, ele também afirmou que um dos objetivos da empresa é que essa modalidade chamada de Uber Air seja semelhante ao Uber Pool, ou seja, a empresa quer juntar até quatro passageiros em cada veículos para que o custo por corrida baixe. Dessa forma, o executivo afirmou que o serviço pode se tornar acessivo às massas, "pode tornar acessível às pessoas normais."
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Inovação e pioneirismo
Essa é a primeira vez que a Nasa fecha um acordo sobre mobilidade aérea urbana focada em modelagem e simulação, mas não é a primeira vez da Uber. No ano passado, a empresa anunciou um acordo com a brasileira Embraer. Nesse caso, porém, a fabricante nacional de aviões foi "contratada" para ajudar a empresa americana a montar um veículo capaz de voar.
Nessa terça-feira, o chefe de produtos da Uber, Jeff Holden, mostrou avanços nessa direção. Apesar de, na concepção, o modelo de "carro voador"ser muito parecido com um helicóptero, na prática, a empresa mostrou que o modelo de aeronave desenvolvido ainda está em fase de design, mas será mais silencioso, eficiente, acessível e limpo do que um helicóptero por ser totalmente elétrico.
A empresa reforçou também que sua intenção continua ser ter o serviço à disposição dos usuários de Los Angeles e Dallas já em 2020 e que o plano inicial é que o veículo tenha piloto, mas o objetivo é que, a longo prazo, o transporte se torne autônomo, seguindo uma tendência que a empresa adotou para o seu serviço "convencional" de transporte urbano.
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Problemas com carros autônomos
Os planos da Uber em terra, porém, não vão lá muito bem. Após um de seus carros autônomos, em fase de teste, atropelar e matar uma mulher que atravessava a rua fora da faixa de pedestres, a investigação sobre o caso vem causando dores de cabeça e colocando em xeque o desenvolvimento dessa tecnologia dentro da empresa.
A investigação da polícia revelou que o carro estava configurado para reagir de forma mais lenta aos estímulos externos, além de estar em velocidade acima da máxima permitida na via no momento do acidente. Somado a isso, as imagens gravadas pelo próprio veículo mostram que a condutora que está no banco do motorista e que poderia ter intervido no caso, estava distraída instantes antes da colisão.
O incidente, que também está sendo investigado pela própria Uber, provocou grandes mudanças na companhia. Além de contratar o ex-chefe do próprio Conselho Nacional de Segurança no Trânsito dos Estados Unidos, a Uber demitiu o diretor responsável pela área e retirou todos os veículos que estavam sendo testados das ruas no Arizona – onde ocorreu o acidente – e também em San Francisco e Petersburgo nos Estados Unidos e Toronto, no Canadá.
O diretor demitido Anthony Levandowski, por sinal, era um grande entusiasta da tecnologia de carros automatizados e queria ver os resultados o mais rápido possível. Ele teria encontrado no ex-CEO da Uber, Travis Kalanick, o apoio necessário para ignorar certas barreiras de segurança.
Na ocasião, uma troca de mensagens de Levandowski e Kalanick teria complicado a situação dos dois. O primeiro teria dito que era necessário pegar "todos os atalhos possíveis" para lançar a tecnologia antes dos rivais, e o segundo teria respondido dizendo "manda ver", mas, em julgamento, disse "não se lembrar" da troca de mensagens.
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Sendo assim, se as coisas vão mal para a Uber em relação aos carros autônomos e bem no desenvolvimento de carros voadores, podemos estar presenciando uma típica situação de "está com pressa? Passa por cima!"