A Uber anunciou nesta quarta-feira (6) durante a conferência de tecnologia Noah, realizada em Berlim, na Alemanha, que está prester a lançar a Jump , seu serviço de aluguel de bicicletas elétricas, na Europa. O anúncio feito pelo CEO Dara Khosrowshahi comprova uma tendência antecipada pelo Brasil Econômico de que a Uber está tentando diversificar os modais de transporte no qual está presente.
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A intenção da Uber é que o serviço de aluguel de bicicletas elétricas chegue a Berlim antes do fim do verão no Hemisfério Norte, uma época de clima mais ameno para trajetos desse tipo. Depois disso, a intenção da empresa é expandir gradativamente para outras cidades europeias.
Para fazer o anúncio, o CEO chegou ao palco montado numa bicicleta elétrica vermelha, enquanto isso, porém, do lado de fora do auditório, taxistas prostestavam contra a empresa, apitando e empunhando faixas e cartazes com dizeres como "Uber go home", algo como "Uber vá para casa."
A manifestação foi apenas um pequeno capítulo de uma sucessão de protestos protagonizados por taxistas que chegaram a se tornar violentos no passado recente. Em toda a Europa, a Uber vem enfrentando forte resistência e chegou a ser barrada por meio de restrições judiciais em várias cidades que obrigaram a empresa a encerrar suas operações em diversas regiões de países como França, Itália, Espanha, Bélgica e na própria Alemanha.
Enquanto isso, em Londres, a empresa também já foi acusada de causar confestionamento ao mudar o tráfego de carros locais uma vez que os motoristas da Uber se aglomeram em vários pontos da capital da Inglaterra em busca de viagens, causando transtornos.
Diante de tudo isso, a decisão da Uber de apostar em bicicletas elétricas e a escolha por começar pela Alemana se justifica também como uma tentativa de estreitar as relações com a população e as autoridades locais. Durante seu discurso, o CEO chegou a declarar que "quero que isso sinalize um profundo compromisso com a Alemanha" e que "a Alemanha é um pequeno sinal do que a nova Uber pode ser. Queremos trabalhar com governos locais e as cidades para fazer nosso modelo funcionar através de parcerias e diálogo."
O movimento de Dara é uma clara tentativa de renovar a imagem da empresas e resgatar seu prestígio depois que seu antecessor, Trabis Kalanick, deixou o comando da companhia após se envolver em uma sucessão de polêmicas tanto com funcionários quanto com concorrentes e autoridades.
Porém, para ter sucesso em Berlim, será necessário que a sensação descrita pelo CEO seja realmente verdade: "Quando você sobe nessas bicicletas e pedala, você se sente como o Super-Homem". Isso porque a capital alemã já conta com diversos outros serviços de compartilhamento de bicicletas como a OBike, com sede em Cingapura, a chinesa Mobike e a LimeBike, que também oferece opções elétricas.
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Onde tudo começou
Como trunfo para fazer seu modelo de negócios funcionar na Europa, a Uber poderá usar o sucesso da Jump nos Estados Unidos que fez da startup americana a primeira empresa adquirida pela Uber desde que Dara Khosrowshahi assumiu o comando da companhia.
Por lá, a empresa que já contava com cerca de 100 funcionários e atuava na cidade de Washington e na Califórnia já chamava a atenção por introduzir no mercado americano um modelo de compartilhamento de bicicletas elétricas por aplicativo chamado "dockless" ("sem estação, em português).
Nesse modelo, os usuários não tem uma estação fixa onde retirar e entregar a bicicleta, eles podem deixá-la "em qualquer lugar" que o aplicativo se encarrega de travá-la e sinalizá-la para o próximo usuário interessado mais próximo. Um esquema que já é amplamente utilizado na China e em algumas cidades europeias, incluindo Berlim, e deve chegar também ao Brasil em breve .
Dessa forma, a Jump Bike já tinha feito parcerias com a Uber e estava no radar da gigante do transporte compartilhado há alguns meses antes de ser adquridia de fato por uma valor não revelado. A integração entre as plataformas antes mesmo da compra final permitia que os usuários que desejassem encontrar uma das bicicletas vermelhas disponíveis na sua região já podiam fazer isso através do aplicativo do Uber, em São Francisco, tornando a aquisição um passo natural.
Mais do que a operação e a frota com cerca de 250 bicicletas em si, a aquisição da Jump Bikes foi parte de uma estratégia da Uber para conseguir mais rapidamente a inteligência por trás do modelo de negócio, isso porque a companhia percebeu a aproximação de um cenário onde pessoas de diversos lugares passarão a não utiliar mais carros para fazer seus deslocamento diários. Pelo menos não carros como conhecemos hoje.
Na ocasião, o presidente-executivo da Uber afirmou que a intenção da empresa é oferecer "a maneira mais rápida e acessível de chegar onde se deseja, seja em um Uber, uma bicicleta, no metrô ou mais que isso". Já o ex-presidente-executivo da Jumo deixou ainda mais claro os planos de sua nova proprietária: "Estamos empolgados em começar nosso próximo capítulo e em desempenhar um papel importante na transição da Uber para uma plataforma multimodal e ajudar a substituir milhões de viagens de carros por bicicletas", revelou Ryan Rzepecki.
Somando isso às estratégias da Uber de investir em carros voadores e veículos autônomos, conseguimos fazer um exercício de imaginação e vislumbrar o futuro que os empresários líderes do setor de tecnologia no mundo estão imaginando e construindo.
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E com a expansão do serviço de compartilhamento de bicicletas da Uber para a Europa, a empresa que cresceu e se transformou numa gigante do setor de transporte pretende chegar primeiro numa área com grande potencial de crescimento que, ao se confirmar e se tornar tão grande como já é na China, por exemplo, a Uber pretende estar à frente da concorrência, quem sabe até com novas aquisições.