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Uber quer identificar se usuários estão bêbados quando pedem um carro da empresa e alertar motoristas
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Uber quer identificar se usuários estão bêbados quando pedem um carro da empresa e alertar motoristas

Após se tornar líder do segmento de aplicativos de transporte que mudou a maneira como as pessoas se deslocam nos principais centros urbanos do mundo, a Uber agora quer dar mais um passo na direção... sabe-se lá do que. Isso porque a empresa registrou um pedido de patente de um sistema de monitoramento que quer prever se o usuário está bêbado quando requisita um carro com motorista da companhia. O funcionamento e as aplicações disso, porém, permanecem uma incógnita.

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Com o passar dos anos, a Uber ganhou popularidade por oferecer um serviço de transporte particular ou compartilhado a preços, em geral, mais acessíveis do que os táxis urbanos comuns. Além disso, com a crise econômica, muitas pessoas encontraram na companhia a maneira de escapar do desemprego e obter alguma fonte de renda alternativa.

Mas o aspecto que vale a pena ser destacado aqui é que os preços e a relativa segurança do serviço caíram como uma luva para pessoas que desejavam sair para beber e voltar para casa em horários em que a oferta de transporte coletivo já não é a mesma e sem infringir a Lei Seca, sobretudo depois que a tolerância diminuiu, as fiscalizações aumentaram e o valor das multas disparou.

Como funcionaria o método de detecção de bêbados patenteado pela Uber?

Ciente disso, a companhia parece estar mais curiosa a respeito de seus usuários embriagados e solicitou o registro de patente no Departamento de Marcas e Patentes dos Estados Unidos de um sistema que utiliza machine learning para determinar o estado etílico dos passageiros através dos padrões de uso do celular do usuário.

O método utilizado para detectar se o indivíduo está ou não sob efeito de álcool pretende usar informações como localização, precisão e velocidade do preenchimento de dados, o comportamento de interação com a interface, a velocidade com que o usuário está andando e até mesmo o ângulo em que o usuário está segurando o dispositivo.

Dessa forma, a Uber espera estar habilitada a alertar os motoristas sobre as condições do passageiro para que teoricamente os profissionais possam estar preparados para prestar um atendimento personalizado. Não está descartada a possibilidade de que os motoristas passem por um treinamento especial para atender os beberrões.

Dara Khosrowshahi assumiu o comando da companhia com a missão de recuperar a imagem da Uber e vem investindo pesado em inovação, segurança e transparência
Andre Coelho/Bloomberg
Dara Khosrowshahi assumiu o comando da companhia com a missão de recuperar a imagem da Uber e vem investindo pesado em inovação, segurança e transparência

O medo que já está levantando críticas de muitas pessoas é de que esse sistema seja utilizado para rejeitar usuários ou mesmo para cobrar preços maiores como uma espécie de garantia para eventuais "contratempos" na viagem. 

Já um outro problema um pouco mais grave diz respeito às denúncias de assédio sexual por parte de condutores cadastrados no aplicativo. É verdade que a imensa maioria das viagens é realizada com sucesso e que a companhia tem se tornado cada vez mais rígida no seu processo de seleção dos motoristas, mas segundo a CNN, nos Estados Unidos, pelo menos 103 denúncias de assédio ou abuso sexual de passageiros foram registradas contra motoristas da Uber nos últimos quatro anos e em vários desses casos a polícia relatou que os abusadores se aproveitaram que os passageiros estavam bêbados ao entrar no veículo.

Dessa forma, notificar os motoristas quando um passageiro está bêbado pode ajudar a evitar dores de cabeça, mas o sistema descrito nessa requisição de patente também pode permitir ou incentivar o compartamento inapropriado de motoristas maliciosos, além de ser um tanto invasivo para os usuários que terão sua condição de vulnerabilidade coletada por uma empresa que não conta com um histórico muito bom de proteção de dados dos seus usuários.

De qualquer maneira, ainda é cedo para dizer se a ideia da Uber realmente entrará em vigor num futuro próximo e chegar ao serviço de transporte por aplicativo prestado pela companhia ou não, afinal de contas, são muitas as frentes em que a companhia está atacando.

No que a Uber vem investindo, expandindo e inovando?

Além da novidade que deve afetar o carro-chefe dos serviços prestados pela Uber, na semana passada, a empresa anunciou durante uma conferência de tecnologia realizada em Berlim, na Alemanha , que está prestes a lançar a Jump , seu serviço de aluguel de bicicletas elétricas, na Europa, depois de adquirir a startutp americanca que já realiza o serviço nos Estados Unidos, ainda que com uma presença bastante tímida.

O anúncio feito pelo CEO Dara Khosrowshahi  comprova uma tendência antecipada pelo Brasil Econômico de que a Uber está tentando diversificar os modais de transporte nos quais está presente. E por esses modais podemos entender também transportes áereos já que a empresa assinou uma espécie de contrato com a NASA para desenvolver um serviço aéreo de mobilidade urbana. Na prática, isso quer dizer que a Uber pode estar perto de finalmente começar a testar uma espécie de "carro voador" .


Os planos da companhia nessa área, inclusive, são bastante ambiciosos já que a empresa espera ter o serviço chamado de Uber Air à disposição dos usuários de Los Angeles e Dallas já em 2020. O modelo de aeronave que está sendo desenvolvido parece bastante com um helicóptero, mas a empresa garante que o veículo será mais silenciosa, eficiente, acessível e limpo do ponto de vista ecológico do que um helicóptero tradicional por ser totalmente elétrico. 

A princípio, confirmou Dara Khosrowshahi, a ideia é que esses veículos contem com um piloto, mas no futuro a intenção é de que eles se tornem autônomos. No entanto, os planos de carros autônomos da Uber não estão indo lá muito bem e chegaram a ser interrompidos depois que uma das unidades da empresa se envolveu num acidente no qual atropelou e matou uma pedestre.

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A investigação das causas e responsáveis pelo acidente ainda estão em curso, mas já se sabe que o veículo estava acima da velocidade máxima permitida na via, que a condutora estava distraída nos instante que antecederam o impacto e que o veículo "viu" a vítima, mas escolheu não parar já que tinha sido configurado pela Uber para retardar o seu tempo de resposta a fim de evitar paradas bruscas e desnecessárias caso objetos como sacolas e folhas passassem pela frente de seus sensores.

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