Na última terça-feira (7), durante o GovTech Brasil, em São Paulo, Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e João Amoêdo (Novo) apresentaram suas agendas de tecnologia e inovação para os próximos quatro anos.
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Todos os candidatos que têm a partir de 1% das intenções de votos foram convidados a participar, segundo a assessoria do evento. Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (vice na chapa de Lula, do PT) e Álvaro Dias (Podemos) disseram ter outros compromissos previamente agendados e não compareceram.
Os candidatos foram entrevistados individualmente pelo apresentador Luciano Huck. Durante 20 minutos, os cinco puderam falar sobre seus projetos de governo para tecnologia, inovação, produtividade e identidade digital. Confira:
Marina Silva
Para a candidata da Rede, é possível utilizar a tecnologia nas áreas de “segurança, saúde, em ações de combate aos crimes ambientais, na detecção de desmatamento, na proteção da diversidade e no envolvimento da sociedade em diferentes níveis”.
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A presidenciável ainda destacou a necessidade de se criar um programa de integração entre os diferentes serviços oferecidos pelo governo, “algo capaz de potencializar as ações”, como um alerta para enchentes ou incêndios, por exemplo. “Um celular pode enviar a informação e isso torna o socorro mais ágil, evitando ou auxiliando no atendimento de catástrofes ambientais”, explicou.
Além disso, segundo Marina, o governo deve disponibilizar dados sobre o desmatamento da Amazônia para universidades e ONGs, mesmo que isso possa gerar certo constrangimento. “É a tecnologia a serviço da proteção do meio ambiente, da ética na política, do cidadão”, disse. “A Amazônia não espera, as mudanças climáticas não esperam”.
Sobre a área de informação, a candidata defendeu a ideia de que os dados se tornaram um recurso de primeira necessidade, mas que precisam ser melhor resguardados pela lei. “É preciso segurança, proteção, porque essas informações podem ser usadas para interesses escusos. É desejável uma base integrada, que não deixe o cidadão vulnerável”, afirmou.
Geraldo Alckmin
Simplificar, desburocratizar e destravar a economia, fazendo o Brasil voltar a crescer: esta é a proposta do candidato do PSDB. “O Brasil tem 17 mil quilômetros de fronteiras secas e sem tecnologia é impossível monitorar isso”, disse. “[A tecnologia] precisa ser implementada na segurança, na saúde, na educação, visando reduzir custos e ser uma vacina contra desvios”.
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O tucano também defendeu a criação de uma carteira de identidade digital, um só documento que contenha todas as informações pessoais de um cidadão. Para ele, seria uma mudança estrutural, porque o país “tem uma cultura de cartório”, “do carimbo, do selo, do documento”.
Alckmin ainda destacou ser favorável a parcerias público-privadas para o desenvolvimento de sistemas de tecnologia para a sociedade. “Sou fã de concessão e PPP”, afirmou o presidenciável. “O Estado precisa planejar, regular, fiscalizar. Não precisa ser empresário, mas sim estabelecer prioridades, os marcos regulatórios. As parcerias são um bom caminho”.
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Guilherme Boulos
Assim como o tucano, Boulos disse ser a favor da implementação da identidade digital. Para o candidato do PSOL, é preciso “uma unificação dos documentos” para “usar a tecnologia como forma de participação e consulta das pessoas”.
No evento, o presidenciável também defendeu a universalização da internet no Brasil. “Estive no Acre, no Mato Grosso do Sul, no Pará. Não há sinal de internet em lugares desses estados… Aqui também, na verdade. Quem não sabe o que é ir para a sala ou para o banheiro para conseguir sinal?”, afirmou.
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Para Boulos, ainda, é preciso direcionar os investimentos públicos para sair da crise, combater desigualdades e alcançar a inovação. Ao contrário de Alckmin, o candidato do PSOL não acredita que “o setor privado é a parceria que vai resolver tudo”.
E completou: “O iPhone foi criado com dinheiro público, não foi a Apple que financiou a pesquisa. A ciência e a tecnologia vêm do investimento do Estado no mundo todo, mas no Brasil, hoje, menos de 1% do PIB é destinado a essa área”.
Henrique Meirelles
O plano de Meirelles para a tecnologia inclui digitalizar o governo federal. “Temos o problema da complexidade burocrática. Precisamos trazer facilidade, rapidez, transparência, e depois estender a toda a sociedade”, argumentou o ex-ministro da Fazenda.
Para o emedebista, também é necessário integrar todo o governo em um único sistema - e citou como exemplo, assim como Alckmin e Boulos, a criação de uma identidade única. “Um cartão nacional, com histórico médico e até carteira de motorista”, explicou. “Você pega os documentos digitais, são seis. Não tem nenhuma sinergia. Precisamos de algo mais centralizado”.
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O presidenciável ainda destacou que é preciso mais incentivo ao desenvolvimento dessas tecnologias. Para ele, o país necessita de um modelo de ensino específico que lhe permita um salto de crescimento na educação, na saúde, na segurança e na produtividade. “Isso tem que ser uma política, precisa ter um gabinete digital”, finalizou.
João Amoêdo
Segundo o candidato do Novo, a inovação pode ser usada para mudar a política hoje, dando mais liberdade e autonomia para todas as pessoas. Amoêdo também defendeu a criação de uma identidade única e digital: “Isso vai ajudar a desburocratizar. É um problema que gera muito custo, especialmente aos mais pobres”.
Para o presidenciável, a mudança da tecnologia representa uma mudança de poder, que tira da burocracia e dá ao cidadão. Como Alckmin, ele também quer fazer parcerias público-privadas no setor. “O governo é ineficiente, mas poderia se encarregar da infraestrutura enquanto a iniciativa privada se encarregaria do software”, argumentou.
Amoêdo afirmou, ainda, que é preciso pensar em tudo o que puder ser feito para aumentar a produtividade e a geração de riqueza, isto é, “produzir mais com menos”.
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“Até a década de 1980, nossa produtividade era igual à da Coreia do Sul. Mas nos últimos 30 anos, o Brasil parou e os sul-coreanos dispararam”, lembra. “Estamos muito atrasados, e a melhor forma de recuperar esse gap [lacuna, no termo em inglês] é por meio da tecnologia”.