Na Coreia do Sul, uma plataforma “para encontrar novos amigos” traz várias fotos de comidas, muitos bichinhos de estimação e nenhuma selfie. Na Índia, os usuários se apresentam por sua religião e, no Japão, é comum citarem seu tipo sanguíneo. Não, não se trata da versão local do Facebook ou do Whatsapp. Mas sim do estilo asiático de paquera. 

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Tinder
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Tinder se reinventou na Ásia

Para driblar os tabus deste mercado, o Tinder  - aplicativo de paquera mais popular do planeta e até pouco tempo um ilustre desconhecido na Ásia - teve de se reiventar. E, para uma empresa americana, é um choque cultural.

Em Seul, anúncios luminosos no metrô trazem modelos mascando chiclete e fazendo um convite: “alguém disponível para um bate papo”. Em outdoors de cidades universitárias sul-coreanas, o Tinder ganhou o slogan “Ano Novo, novos amigos, um novo você”, mas sem nenhuma menção a namoros ou encontros amorosos. A aposta mais alta foi contratar o astro do k-pop, Seungri, como garoto-propaganda. Em mensagens aos fãs, Seungri diz que seus “amigos” em todo o mundo usam o Tinder. 

A estratégia parece estar dando certo. Depois de anos no ostracismo, o Tinder enfim alcançou o primeiro lugar no ranking de dowloads e usuários ativos entre os aplicativos de paquera da Coreia do Sul. E a previsão da Match, empresa que controla o aplicativo e outros sites de paquera, é que a região da Ásia e Pacífico responda por 25% das receitas do grupo em 2023 — o dobro dos 12% atuais. 

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Há apenas uma geração, as mulheres sul-coreanas se casavam e tinham filhos com 20 e poucos anos. E era uma tradição local gastar pequenas fortunas com “gurus de casamento”, que tinham a missão de encontrar pares perfeitos, com o mesmo background socioeconômico, para as jovens em busca de casamento.

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Se você é solteira, você é considerada incompetente, diz Jieun Choi, de 26 anos. Fomos criadas por mães que se casaram logo após sair da escola e que esperam que façamos o mesmo, relata. 

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Na Coreia do Sul, Tinder não cita "paquera"

O pai de Choi e até mesmo seu quiroprático começaram a pressioná-la por se casar, alegando que uma vida amorosa poderia aliviar as dores nas costas. O mais comum na Coreia do Sul, na hora da paquera, é recorrer ao sogaeting — expressão local usada para definir encontros às escuras, nos quais grupos de amigos se dividem em pares. 

"Não há encontros casuais ou espontâneos na Coreia. Aqui os amigos apresentam outros amigos. Só funciona assim", diz Choi. 

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Recentemente, o Tinder realizou uma pesquisa na Coreia do Sul e descobriu que, apesar de os jovens estarem ansiosos por novas formas de encontros e paqueras, eles simplesmente não sabiam sequer como usar o aplicativo. Foi a deixa para a emprensa inundar o país com anúncios. 

No Japão, um típico perfil no Tinder tem como informação principal o tipo sanguíneo, ou ketsuekigata, que seria um reflexo da personalidade do candidato a namoro. Salário e altura — que costumam ser inflados — também são dados obrigatórios. 

Na Índia, para tentar navegar entre as nuances culturais, a Match contratou um executivo indiano para comandar as operações do Tinder. Taru Kapoor adotou estratégias para facilitar o matching entre pessoas com visões pessoais contexto cultural parecidos. Os usuários do Tinder são convidados a se manifestar sobre o movimento #MeToo e a explicitarem sua opinião sobre se as mulheres devem continuar a trabalhar após o casamento. 

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