WhatsApp bane 2 milhões de contas por mês, mas isso não é o suficiente

Cerca de 2 milhões de contas são banidas do WhatsApp todos os meses no mundo todo. O motivo é o uso de robôs para distribuição em massa de fake news

Foto: shutterstock
2 milhões de contas são banidas do WhatsApp todo mês.


Todos os meses, cerca de 2 milhões de contas são banidas do WhatsApp no mundo todo. Os motivos das expulsões são suspeita de uso de robôs , disparo em massa de mensagens e disseminação de fake news e discurso de ódio . Nesse número, entram perfis banidos temporariamente ou para sempre.

O número pode chamar a atenção mas, para o especialista em inovação e transformação digital Arthur Igreja, o valor ainda é muito baixo. Isso porque, embora o WhatsApp consiga banir muitos desses robôs , grande parte deles segue funcionando e disseminando desinformação em massa normalmente. 

Leia também: Telegram vai na contramão do WhatsApp e amplia alcance de mensagens no app

Para Arthur, a explicação da falta de sucesso está nos critérios que o WhatsApp usar para excluir pessoas da plataforma. Segundo a empresa, a plataforma faz uso de tecnologia para identificar padrões de comportamento suspeitos. Dentre eles, estão o envio de um número muito grande de mensagens, a criação de muitos grupos e a tentativa de adicionar milhares usuários em grupos já existentes, por exemplo. 

Privacidade ou tentativa de tirar o corpo fora?

Como a plataforma conta com a criptografia de ponta-a-ponta, só é possível monitorar esses sinais externos, não levando em consideração os conteúdos das mensagens. “Quando o WhatsApp vai para a estratégia da criptografia fim-fim, no final ele está querendo se isentar de tudo”, opina Arthur. 

Leia também: Mensagens de WhatsApp sendo usadas na Justiça? Fique atento!

Segundo o especialista, a maneira atual com que o WhatsApp decide banir as pessoas ainda está longe de ser o suficiente para acabar com a presença de bots na rede social . “O problema tende a não se resolver. Imagina se você é um hacker que está usando esse tipo de mecanismo para fazer um bot. Na hora que você entende quais são os parâmetros de banimento,  se você fizer um pouquinho menos do que aquilo, você continua espalhando fake news. No final, eu acho que é enxugar gelo, é uma luta irrisória”, afirma. 

Para Arthur, o ideal seria que a plataforma controlasse quem pode ter uma conta, fazendo uso de cadastro por CPF, por exemplo. Além disso, ele diz que a esfera pública deve intervir para ajudar a combater esse problema. “Acho que a esfera pública, em algum momento, vai ter que entender que o mesmo grau de responsabilização que nós temos na telefonia, nós teremos que ter também nas redes sociais”, diz. 

Leia também: Proteja-se: golpe rouba conta WhatsApp e já afetou 8,5 milhões de brasileiros

Bots no WhatsApp e as eleições

Apesar do WhatsApp banir contas o tempo todo, esse número cresceu bastante durante as últimas eleições presidenciais brasileiras. No período, centenas de milhares de contas que tinham comportamento automatizado foram expulsas da plataforma. 

E, para as próximas eleições, a expectativa não é de muita melhora. “Eu não estou vendo exatamente um ambiente de evolução, acho que são questões muito novas, muito polêmicas e, no curto prazo, a turma que está usando isso para distribuir fake news está ganhando de lavada de quem está tentando conter essas coisas”, opina Arthur. 

Leia também: Whatsapp vai banir usuários que não tenham idade mínima permitida para usá-lo

Além da detecção no comportamento dos usuários para banir contas através de algoritmos , o WhatsApp também recebe denúncias de outras pessoas. Apesar disso, a maior parte das decisões segue sendo tomada automaticamente, com os banimentos por algoritmo tomando conta de cerca de 75% do total. Para o especialista, o número não é nada positivo. “O WhatsApp está divulgando como um número bom, mas eu acho que é um número péssimo. Tinha que ser, no mínimo, 99%, porque a escala que a tecnologia tem é incomparável com o humano. Se está sendo usada tecnologia na escala da disseminação, tinha que estar sendo usada também na escala da contenção e, visivelmente, eles não estão conseguindo”, afirma Arthur.