Nossas informações pessoais são valiosas para empresas e hackers
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Nossas informações pessoais são valiosas para empresas e hackers



Nos últimos meses, vazamentos de dados se tornaram figurinha carimbada nos noticiários , assim como o uso abusivo de informações pessoais por parte de empresas. Cada vez mais, os usuários têm a sensação de que não têm mais para onde correr: seus dados já estão expostos, e ponto final.

Mas não é bem assim. Especialistas em cibersegurança afirmam que há muito o que as pessoas possam fazer para se proteger. É por isso que o canal de tecnologia do portal iG vai divulgar dicas úteis, significados de termos complicados e informações sobre como se proteger online.

Para quem nossos dados são valiosos?

Quando falamos de segurança digital e de proteção de dados , é preciso entender quem está ameaçando a nossa privacidade . É possível separar os riscos entre as empresas de tecnologia e os cibercriminosos.

Do lado corporativo da questão, as empresas que nos oferecem serviços digitais como aplicativos, jogos, redes sociais e buscadores fazem tudo isso gratuitamente porque nossos dados valem ouro para elas. Com as informações, as companhias conseguem traçar perfis específicos de cada usuário, vendendo publicidade direcionada .

"Imagine-se abrindo o lixo de uma pessoa que você não conhece. Lá você encontra um sapato tamanho 45, algumas giletes e creme de barbear, e uma revista de carros. Você não conhece a pessoa, mas já imagina que ela seja um homem, alto, que gosta de automóveis. A coleta de dados funciona assim, você consegue traçar perfis de indivíduos ao acumular cada vez mais dados, desenhando perfis cada vez mais ricos e detalhados. Os dados são pequenos fragmentos de informação sobre nós e no acumulado eles têm um valor enorme que pode ser usado para fins comerciais", explica Caio Machado, diretor-executivo do Instituto VERO, que visa estabelecer um ambiente digital saudável.

Receber publicidade pode parecer inofensivo, mas as plataformas digitais também podem utilizar esses perfis para fins não tão básicos. Um exemplo é o escândalo Cambridge Analytica , no qual informações de usuários do Facebook foram usadas para influenciá-los em eleições em diversos países.

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Além das empresas, cibercriminosos também podem se beneficiar dos nossos dados. Nesse sentido, as informações são utilizadas para aplicar os mais diversos tipos de golpes, podendo até resultar em prejuízo financeiro para as vítimas. H ackers , portanto, estão sempre atrás dos nossos dados, porque eles se transformam em dinheiro.

"Se a informação obtida for de grande magnitude (aproximadamente, mais de 1.000 usuários, dependendo do tipo de informação obtida), é possível vendê-la por lote no mercado clandestino. É aqui que outros cibercriminosos compram grandes planilhas de dados para realizar outras campanhas maliciosas, falsificar identidades ou chantagear as empresas das quais os dados foram roubados para receber algum ganho monetário", afirma Martina Lopez, especialista em segurança da informação da ESET na América Latina.

Adianta eu tentar me proteger?

Muitos usuários têm a sensação de que o Google ou o Facebook já sabem tudo sobre suas vidas , ou que cibercriminosos já tiveram acesso às suas informações nos enormes vazamentos de dados que foram noticiados recentemente. Na verdade, ainda há muitas formas de nor protegermos.

Caio explica que "nós estamos produzindo informações sobre nós mesmos o tempo todo" e que, por isso, temos que manter o controle sobre elas e estarmos atentos o tempo todo. "Quanto mais perdemos controle sobre a informação, mais vulneráveis nós estamos", alerta.

Cuidados simples, como uma senha mais forte  ou a exclusão de um serviço que você não usa mais, são capazes de ajudar os usuários a manter esse controle, afirma Martina. "Nem sempre é 100% verdade que tudo é revelado, mas é o fato de que tudo pode ser revelado devido a erros que nós, como usuários, podemos prevenir", afirma.

Como podemos proteger nossos dados?

No que diz respeito à educação digital , Martina acredita que ainda precisamos evoluir do que diz respeito à chamada "higiene digital". "Ou seja, cuidar de nossa identidade online tanto quanto fazemos com a física", compara.

A especialista afirma que precisamos "renovar nossos acessos pelo menos uma vez por ano, não deixar contas 'fantasmas' em serviços que não utilizamos e não consumir aplicativos antigos que não recebem atualizações de segurança". Além de seguir dicas práticas como essas, também é necessário "entender que nosso comportamento online não é anônimo, não pode ser totalmente eliminado e faz parte de nossa identidade".

Para Caio, esse entendimento gera uma crítica saudável ao uso que fazemos da tecnologia , tornando nosso comportamento online mais consciente. "Nós carregamos a tecnologia no bolso, até a levamos para o banheiro, e não nos perguntamos como ela afeta as nossas vidas. Se nós não estivermos discutindo esses problemas, é sinal de que alguém está discutindo por nós".

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