Uma publicação do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal
(CRM/DF) pode ser banida do Facebook
. Nesta quarta-feira (2), o Comitê de Supervisão da rede social
anunciou o novo caso que está em consideração.
O comitê é um órgão independente do Facebook , que decide questões polêmicas como o banimento do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump . O caso anunciado na terça-feira foi encaminhado pela própria rede social, que afirmou que "é difícil" tomar a decisão.
O comitê não cita qual foi a publicação, mas dá detalhes sobre ela que permitem notar que se trata de uma "nota pública contra o lockdown
", publicada no dia 1 de março pelo CRM/DF. O órgão afirma apenas que se trata de uma publicação de um "conselho médico estadual" do Brasil.
O post
"Em março de 2021, a página do Facebook de um conselho médico estadual no Brasil publicou a foto de uma nota por escrito com mensagens sobre medidas para reduzir a disseminação da Covid-19. A nota afirma que o lockdown é ineficaz, contra os direitos fundamentais da Constituição e condenados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Inclui uma alegada citação do Dr. David Nabarro, da OMS, afirmando que 'o lockdown não salva vidas e torna as pessoas pobres muito mais pobres'. O comunicado também afirma que o estado do Amazonas teve um aumento no número de óbitos e internações hospitalares após o lockdown, evidência do descumprimento das restrições ao bloqueio. A nota afirma que os lockdowns levariam a um aumento nos transtornos mentais, abuso de álcool e drogas e danos econômicos, entre outras coisas. Conclui que medidas preventivas eficazes contra a Covid-19 incluem campanhas de educação sobre medidas de higiene, uso de máscaras, distanciamento social, vacinação e monitoramento extensivo por parte do governo - mas nunca a decisão de adotar bloqueios", diz o comitê sobre a publicação.
Na publicação do CRM/DF , o texto traz exatamente as mesmas informações e argumentos citados pelo comitê. Além disso, a informação de que 270 pessoas compartilharam o post, afirmada pelo comitê, também condiz com a realidade.
Na época em que o CRM/DF realizou a publicação, há cerca de dois meses, houve bastante polêmica em torno do assunto. Depois da nota do Conselho, publicações falsas e que tiram de contexto a fala do Dr. David Nabarro, da OMS , circularam pelas redes sociais .
O lockdown é uma medida de contenção à disseminação do novo coronavírus (Sars-Cov-2) apoiada por especialistas e pela própria OMS. Casos reais, como o da cidade de Araraquara (SP), comprovam que a medida funciona no combate à pandemia.
O caso
De acordo com o comitê do Facebook, "nenhum usuário relatou o conteúdo" e "o Facebook não tomou nenhuma medida contra o conteúdo e encaminhou o caso ao comitê".
Ainda segundo o órgão, o Facebook achou difícil avaliar o caso porque o "conteúdo não viola as políticas" da rede social mas, por outro lado, "pode ser lido por algumas pessoas como defesa de certas medidas de segurança durante a pandemia". "Embora a Organização Mundial da Saúde e outros especialistas em saúde tenham aconselhado o Facebook a remover as alegações contra práticas de saúde específicas, como o distanciamento social, eles não aconselharam o Facebook a remover as alegações contra o lockdown", continuou o Facebook.
Agora, o comitê analisa se a decisão do Facebook
de manter o conteúdo no ar foi correta, se a rede social
deveria ter considerado medidas alternativas, como a remoção da publicação, se o Facebook deve criar um novo "Padrão da Comunidade" sobre desinformação em saúde e como conteúdos postados por órgãos de saúde devem ser tratados, entre outros fatores.
Até o dia 16 de junho, qualquer pessoa que ache que possa contribuir com a discussão pode enviar um comentário , que será usado para pautar a decisão. Segudno o comitê, esse caso envolvendo a publicação do CRM/DF é bastante sério.
"Como não podemos ouvir todos os recursos, o Conselho prioriza os casos que têm o potencial de afetar muitos usuários em todo o mundo, são de importância crítica para o discurso público ou levantam questões importantes sobre as políticas do Facebook
", diz o comitê.