Xiaomi tem
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Xiaomi tem "virada de página" no Brasil


A Xiaomi lançou, nesta terça-feira (8), um smartphone de R$ 8 mil no Brasil, o Mi 11 . Junto dele, vieram uma pulseira inteligente de R$ 700, a Mi Smart Band 6 , e um aspirador de pó de R$ 3,9 mil. Os preços podem surpreender, já que se trata de uma marca com fama de popular e com bom custo-benefício.

Mas a verdade é que a Xiaomi quer abandonar a fama de "produtos chineses baratinhos" aqui no Brasil, mergulhando de cabeça no setor premium . "A importância do Mi 11, nesse momento, é posicionar a Xiaomi como uma empresa que sabe produzir produtos premium. A gente sabe que a Xiaomi tem um conhecimento de marca no Brasil, mas ela é muito conhecida pelo famoso custo-benefício, pela linha Redmi Note. Mas, agora, o passo que a gente quer dar é mostrar para as pessoas que nós também somos uma marca espetacular em produtos flagship, premium", explica Thiago Agaripe, gerente de marketing da Xiaomi, em entrevista ao iG.

No exterior, a marca costuma praticar preços bem mais competitivos: o  Redmi Note 10 Pro , por exemplo,  foi lançado na Índia por R$ 1,3 mil e, no Brasil, por R$ 3,3 mil. A diferença é explicada pela alta do dólar e pelos impostos, já que a Xiaomi não produz dispositivos no Brasil, mas sim importa todos, afirma Luciano Barbosa, head da Xiaomi no Brasil.

Diante do alto custo dos smartphones por aqui, a Xiaomi resolveu abraçar o preço alto e mudar seu posicionamento de marca. "Já que a gente tem uma carga tributária e tem um posicionamento mais premium, a gente está posicionando para clientes mais premium. E a gente vê que isso tem funcionado muito bem", diz Luciano, em entrevista ao iG.

O executivo compara a marca com a rede de roupas e acessórios Zara , que tem um posicionamento de bom custo-benefício no exterior mas, no Brasil, acaba sendo uma "marca de rico". "A Xiaomi trabalha em um modo similar: é conhecida por custo-benefício e acaba chegando em um posicionamento mais premium", afirma.

Sem os "baratinhos"

Luciano afirma que esse posicionamento tem mudado também na prática. Além de inserir mais dispositivos caros no mercado brasileiro, a Xiaomi também tem deixado de trazer os queridos celulares mais baratos. "A nossa linha de produtos que mais tem volume de vendas é a linha intermediário-premium, que é a linha Redmi Note . Como a Redmi Note deu uma subida de patamar e está mais premium, consequentemente aumentou a quantidade de vendas de produtos premium. E os produtos de entrada, você pode ver que nós estamos partindo, principalmente, acima de R$ 1,3 mil. A gente tinha produtos mais baratos, mas essa linha de entrada a gente praticamente tirou", explica.

De acordo com o chefão da marca no Brasil, os consumidores brasileiros estão cada vez mais interessados em dispositivos mais caros e que desempenhem melhor. E isso vale não só para smartphones , já que a Xiaomi também tem apostado em eletrônicos dos mais diversos tipos, desde pulseiras e fones de ouvido até aspiradores e projetores.

Sem medo da concorrência

No Brasil, quando o assunto é smartphone topo de linha, dois nomes vêm à cabeça: Samsung e Apple . A tradição das marcas por aqui realmente causa uma resistência do público, afirmam os executivos, mas eles dizem não ter medo. "Eu acho que é uma resistência natural a tudo o que é novo", diz Thiago.

"A Xiaomi está no Brasil só há dois anos, e começamos a trazer os nossos produtos mais premium recentemente. As pessoas estão ainda conhecendo os nossos produtos premium. A gente vê nas redes sociais, quando apresenta o produto premium, tem a galera que fica completamente louca, que diz 'meu Deus, eu preciso disso agora', mas ainda tem os resistentes. E é em cima dessas pessoas [os resistentes] que a gente quer trabalhar", continua.

Para o gerente de marketing da empresa, esse é um "momento muito estratégico" para a marca no Brasil , sobretudo para a equipe que comunica para o público esse tipo de mudança. Thiago afirma que, apesar da resistência e das dificuldades, o objetivo é que a "cara premium" da Xiaomi se torne senso comum no país.

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