Páginas propagadoras de notícias falsas no Facebook começaram a crescer a partir de 2015, durante a pressão pelo impeachment de Dilma Rousseff, evoluíram nas eleições de 2018 e atingiram pico máximo de postagens e interações nos primeiros meses da pandemia de Covid-19.
Esssa é a conclusão de um estudo de pesquisadores da Universidade Positivo, de Curitiba, divulgado pela Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (23). A pesquisa usou dados do aplicativo CrowdTangle, que mostra as publicações mais populares na rede social.
No estudo, 27 perfis do Facebook classificados como propagadores de notícias falsas tiveram suas publicações e interações analisadas de 2010 a 2020. Durante o período, 253,7 milhões de interações foram detectadas em todas as 206,6 mil publicações.
A pesquisa concluiu que o momento-chave para um grande crescimento desses perfis foi em 2015, quando manifestações pelo impeachment da então presidente Dilma começaram a ganhar força. As páginas seguiram uma tendência de alta até outubro de 2018, quando há um primeiro pico durante a eleição de Jair Bolsonaro.
Este porém, não foi o maior pico. Outros dois foram regisrados no início do mandato de Bolsonaro, em janeiro de 2019, e quando surgiram os primeiros casos de Covid-19 no Brasil, em março de 2020.
"Além do começo da pandemia, essa alta se dá em meio à saída do ministro [Sergio] Moro e trocas ministeriais na Saúde, o que gera outra visibilidade para as questões internas do próprio governo, gerando um reflexo na dinâmica das redes", afirma Eduardo Faria Silva, coordenador da Escola de Direito da Universidade Positivo e orientador do estudo, à Folha.
As interações sobre as publicações dessas páginas atingiram seu ápice logo após o cumprimendo de mandados por parte da Polícia Federal referentes ao inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal
(STF). Depois disso, postagens e interações decaíram, mas mantiveram níveis altos.
"Esse universo de páginas é um ambiente que nem todas as pessoas conhecem, que tem um trânsito num determinado público e movimenta milhões de postagens e interações", afirma Silva.