Considerado a próxima camada da realidade, o metaverso já deixou de ser visto como um hype pelas empresas de tecnologia e será, de fato, o novo estágio da internet entre os próximos cinco e vinte anos, segundo especialistas que participaram das discussões do painel "O metaverso e o futuro do entretenimento", no Palco do Conhecimento, na Rio Innovation Week, neste domingo.
Marcelo Lacerda, cofundador do Terra Networks e presidente do conselho da Magnopus - empresa de desenvolvimento de algoritmos em computação gráfica que presta serviço para companhias como Apple e Disney -, avalia que o metaverso pode ser entendido como uma aplicação da vertical da computação espacial, segmento que tem crescido nos ultimos anos no setor tech.
Ele cita o exemplo da tecnologia chamada de “gêmeo digital”, que hoje permite representações virtuais em 3D de espaços e objetos físicos, como uma das frentes mais avançadas que tem ajudado a desenvolver o metaverso no campo da indústria do entretenimento.
No limite, Lacerda prevê que essa realidade imersiva trará uma “ampliação cognitiva” em trinta anos:
"Estamos vendo o início dessa nova jornada que mudará a cognição humana em talvez cinco, dez ou vinte anos. O metaverso vai trazer uma ampliação cognitiva. É quase como a invenção da linguagem, que foi criada há 100 mil anos atrás. Essa fusão começou com o transistor (chip semicondutor) nos anos 1950 e vai nos levar para um ambiente de vida humana, em que parte é sintética e outra parte é física. E a parte sintética não é menos real do que a física."
Se o metaverso teve seu ponto de partida no universo dos games, dada a capacidade imersiva e interativa dos jogos on-line, Marcos Wettreich, fundador e CEO do iBest, projeta que o metaverso deixará de ser algo restrito ao ambiente dos jogos no futuro:
"Essa distinção entre game e não-game vai deixar de haver. O que você chama de games você vai ver na sua vida toda. Todas as empresas vão migrar para o metaverso porque os negócios vão passar para lá e você vai poder escolher a sua realidade - desde como vai ser a sua casa virtual, o seu quarto, o seu lugar de trabalho. Você vai transpor para um mundo novo que você vai escolher o mundo e vai sentir isso. "
Para Batman Zavareze, curador do Festival Multiplicidade, é questão de tempo até que os wearables (dispositivos eletrônicos, como óculos de realidade virtual) se tornem mais atraentes para os consumidores:
"A tecnologia vai se invisibilizar. Essa coisa incômoda de estar numa reunião e alguém de repente puxar o celular e entrar em outro canal, isso vai ser uma coisa mais onipresente do que já é e vai se invisibilizar", diz o diretor de arte da 27+1.