Netflix fez documentário sobre golpista que agia no Tinder’
Tamires Ferreira
Netflix fez documentário sobre golpista que agia no Tinder’

Fotos em lugares bacanas, carros, motos, viagens, festas, aparência atraente, bichinhos, família e match! O papo começa animado pelo aplicativo — ou por um perfil em rede social — e, diante das aparentes afinidades, a troca de números de telefone é rápida, embora não seja recomendada pelo Tinder, o principal aplicativo de relacionamentos do mundo. Pronto: está lançada a isca para quem paquera pela internet. No entanto, o que parece ser a pessoa dos sonhos pode esconder um espertalhão atrás de dinheiro que forja um perfil “perfeito” para atrair suas vítimas, como no filme “O golpista do Tinder”.

O relacionamento sai do virtual, cai no real, e logo surgem pedidos de ajuda financeira, que levam a vítima ao endividamento. Para não cair numa armadilha amorosa, um especialista em segurança na internet adverte: não acredite em tudo o que lê ou em todos que encontra de forma virtual.

"Uma coisa é clara: fraude de namoro é um grande negócio. Está em oitavo lugar na lista dos tipos de crimes cibernéticos mais relatados nos Estados Unidos. Em 2021, os golpes de romance ficaram em segundo lugar em perdas, permitindo que os golpistas arrecadassem mais de US$ 600 milhões, um valor que ultrapassou os US$ 500 milhões de 2020", diz Camilo Gutiérrez Amaya, chefe do Laboratório de Pesquisa Eset América Latina, empresa de segurança cibernética.

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O especialista avalia que, felizmente, muitos desses golpes seguem um padrão semelhante. Portanto, é possível identificar os sinais de que a vítima está lidando com um aproveitador. Além de dinheiro, diz Amaya, os golpistas costumam pedir cartões-presente ou cartões pré-pagos com um quantia creditada. Sugerem até a abertura de conta bancária.

"Se a vítima se recusar, o golpista continuará tentando até que ela ceda, possivelmente usando desculpas cada vez mais elaboradas para explicar por que precisa do dinheiro", diz.

A Eset recomenda se antecipar a essa situação e pesquisar sobre qualquer pessoa que você conheça pela internet. Embora não pareça romântico, em se tratando de contatos quase anônimos, pode poupar dores de cabeça e dinheiro a longo prazo.

"Faça uma pesquisa reversa da foto de perfil do pretendente (com o Google Images, por exemplo) para ver se corresponde a outro nome, para descobrir se é uma imagem roubada. Procure o nome e outros detalhes para ver se a história da pessoa corresponde às informações da internet", diz Amaya.

Ele explica que em alguns casos, o envio de fotos íntimas pode servir como forma de o golpista chantagear a vítima. Conta ainda que a abertura de contas bancárias acaba servindo como forma de "lavar" o dinheiro arrecadado com fraudes.

"O namoro remoto tem se tornado cada vez mais comum em tempos de pandemia. Infelizmente, isso também abre a porta para golpistas. Se o pior acontecer e você se tornar uma vítima, é muito importante que você não sofra em silêncio. Não tenha vergonha e denuncie o crime. Suas ações podem ajudar os outros a evitar a dor", conclui.

Pandemia favoreceu aproximação virtual

O EXTRA conversou com a jovem M.M.S. de 32 anos, moradora da Tijuca, na Zona Norte do Rio, que contou sua história:

"Com a pandemia e impossibilitada de fazer amizades e me relacionar com outras pessoas entrei em um site de relacionamento. Coloquei fotos de passeios, em casa, na vizinhança, de coisas que gosto e acabei conhecendo algumas pessoas virtualmente. Umas bem bacanas, mas um, em particular, me fez ficar com medo. Trocamos número de telefone e todos os dias recebia mensagens de bom dia pelo WhatsApp. No final do dia tínhamos longas conversas sobre como havia sido meu dia. Ele foi muito envolvente", conta M.

Com o afrouxamento das restrições sanitárias no Rio, a jovem marcou de conhecer o seu paquera on-line, e optou por um local movimentado para se encontrarem. O que veio a seguir, caberia em um filme, como o que está passando na Netflix, Golpista do Tinder.

"Conversamos, jantamos, bebemos um bom vinho, ele pagou a conta. Pedi um transporte por aplicativo e fui pra casa. Logo depois ele mandou mensagem querendo saber se estava bem. Nos dias seguintes a conversa foi tomando rumo de namoro e marcamos de nos ver, mas ele disse que tinha que viajar a trabalho. E foi nesse ponto que começou o problema", detalha a jovem.

"No dia da viagem, ele me ligou tarde da noite dizendo que não conseguiu pagar a reserva do hotel onde ficaria hospedado e precisava da minha ajuda para pagar a conta por que o cartão dele foi recusado. Paguei a hospedagem fazendo um Pix para conta dele. Na volta, foi a passagem de avião, que não havia sido emitida. A mesma coisa: fiz a transferência. Quando me pediu dinheiro novamente e disse que não tinha, partiu para a ignorância, me xingou e ameaçou ir à minha casa. Morri de medo!", diz.

O dinheiro gasto, apesar de cobrado, não foi devolvido. Para se proteger das agressões verbais, M. bloqueou o aplicativo de relacionamento, o WhatsApp e o número de telefone para não ter contato com o tal paquera. E dá a dica:

"Se alguém pedir dinheiro, saia disso, é golpe!"

Cuidado redobrado para não ser vítima

Dicas de que pode ser um golpe

  • A pessoa diz que vive ou trabalha fora do país/estado ou cidade onde a vítima mora.
  • Gosta de fazer muitas perguntas pessoais à vítima.
  • É evasivo quando perguntado sobre sua vida.
  • Tenta avançar rapidamente no relacionamento e declara seu 'amor' em pouco tempo.
  • Dá desculpas elaboradas para não ver pessoalmente ou fazer videochamada.
  • São rápidos em mover a conversa para um bate-papo privado.
  • Usa fotos de perfil falsas ou manipuladas.

Meio de pedir dinheiro

O golpista conta histórias para argumentar por que precisam de dinheiro. Isso geralmente inclui a necessidade de pagar gastos de viagem ou com médicos. Ou ainda vistos e documentos de viagem, dívidas de jogo, taxas alfandegárias aplicadas a itens importados.

O que fazer se suspeitar de golpe

Corte todos os tipos de comunicação com a pessoa.Converse com um amigo ou membro da família.

Se o vale-presente foi pago em dinheiro, entre em contato com o fornecedor e verifique se há devolução do dinheiro.

Relate o incidente às autoridades.

O que diz ao app de relacionamentos
Procurado, o Tinder afirma que leva a segurança de seus membros a sério e lamenta saber de qualquer pessoa que tenha sido vítima de um golpe ao buscar uma conexão real. "Se um membro do app reportar qualquer comportamento on-line ou off-line inadequado, a denúncia é cuidadosamente revisada e a ação necessária para banir o perfil suspeito da plataforma é tomada. Somado a isso, quando uma pessoa é denunciada por comportamento violento ou criminal, a respectiva conta é removida e bloqueada de todas as plataformas do Match Group", diz em nota.

Qual a orientação do aplicativo visando a segurança dos usuários? Segundo o Tinder, os membros devem tomar cuidado ao interagir com desconhecidos. "Encorajamos que usem o bom senso e priorizem a segurança, tanto ao trocarem mensagens iniciais quanto ao se encontrarem pessoalmente", orienta.

Entre as dicas de segurança, segundo o app, está a verificação por foto e a procurar o selo azul enquanto deslizam a tela, o símbolo indica que as imagens de perfil da pessoa são verdadeiras e foram verificadas pelo Tinder.

"Na recém-lançada seção Explorar os membros podem ter mais controle sobre quem eles conhecem, optando por ver somente perfis verificados", explica em nota.

Como denunciar em Instagram e Facebook

De acordo com a Meta, empresa que agrega as plataformas, "é importante que os usuários estejam atentos ao se envolver em conversas online com pessoas que não conhecem na vida real. Mais informações e detalhes a observar para evitar cair em golpes estão disponíveis na Central de Ajuda do Instagram e na Central de Ajuda do Facebook.

Recomendamos que, caso um usuário veja algo que acredite ser uma fraude, evite responder e denuncie aos aplicativos da Meta. A conta denunciada não saberá quem a denunciou.

Já o WhatsApp, por ter criptografia de ponta a ponta informa que "não tem acesso ao conteúdo das mensagens trocadas e não realiza mediação de conteúdo. O aplicativo encoraja que as pessoas reportem condutas inapropriadas diretamente nas conversas, por meio da opção “denunciar” disponível no menu do aplicativo (menu > mais > denunciar). Os usuários também podem enviar denúncias para o email support@whatsapp.com, detalhando o ocorrido com o máximo de informações possível e até anexando uma captura de tela".

Fraude no Instagram

  • Toque em "..." na parte superior direita do perfil;

Selecione Denunciar;

  • Escolha “O conteúdo é inadequado” e, depois, “Denunciar conta”;
  • Em seguida “Está publicando conteúdo que não deveria estar no Instagram”;
  • Selecione "Enganoso ou possível Golpe".

Mensagem no Direct

  • No Direct, toque e segure a mensagem que deseja denunciar;
  • Toque em Denunciar;

Siga as instruções na tela.

Perfil no Facebook

  • Vá até o perfil que você quer denunciar clicando no nome da pessoa no Feed ou pesquisando por ela;
  • Clique em “...” à direita e selecione “Obter apoio ou denunciar perfil”;
  • Para dar feedback, clique na opção que melhor descreve como o perfil viola os Padrões da Comunidade e, em seguida, clique em “Avançar”;
  • Dependendo do feedback, você poderá enviar uma denúncia à Meta. Para alguns tipos de conteúdo, não é solicitado o envio de denúncia, mas é usado o feedback para ajudar a aprimorar os sistemas. Clique em “Concluir”.
  • Se alguém no Facebook estiver incomodando você, é possível desfazer a amizade ou bloquear a pessoa.

Conversas no Messenger

Aplicativo para desktop:

  • Clique em uma conversa para abri-la. Em seguida, clique em “...”
  • Clique em “Há algo errado”
  • Selecione uma categoria para que possamos entender o que há de errado
  • Clique em “Enviar feedback”

Desktop (messenger.com):

  • Clique na conversa do Messenger que deseja denunciar ou para a qual deseja dar feedback;
  • No lado direito, clique em “Privacidade e suporte”;
  • Clique em “Há algo errado”;
  • Selecione uma categoria para que possamos entender o que há de errado;
  • Clique em “Concluir”.


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