O presidente russo Vladimir Putin vem tentando justificar a invasão da Ucrânia através de desinformação e propaganda, veiculados com força através da mídia estatal. Por isso, canais como Russia Today (RT), Sputnik e TASS estão sendo barrados por diferentes plataformas, incluindo Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, TikTok, Netflix e até Microsoft.
O caso da Netflix é bem interessante. Uma nova lei na Rússia exige que serviços de streaming com mais de 100 mil assinantes transmitam 20 canais russos, incluindo o Channel One – que é financiado pelo governo e vem se alinhando à narrativa do Kremlin quanto à invasão da Ucrânia.
Essa lei ainda não entrou totalmente em vigor, e um porta-voz da Netflix afirma ao The Verge que a empresa não planeja transmitir os canais locais: “dada a situação atual, não temos planos de adicionar esses canais ao nosso serviço”.
E como a Microsoft foi parar nessa lista? É que a empresa distribui conteúdo através do portal MSN e do Bing (lembra, o concorrente da busca do Google?).
O Microsoft Start, incluindo o MSN, licencia conteúdo de veículos da imprensa, mas deixará de exibir notícias do RT e Sputnik. Esses canais russos também não poderão usar a rede de anúncios da Microsoft.
O Bing ainda exibirá links do RT e Sputnik, mas dará menos prioridade a eles nos resultados de busca, para garantir que apareçam só quando alguém claramente quiser visitá-los. O app oficial do RT também será oculto da loja de aplicativos do Windows.
Por sua vez, o YouTube aplicou uma restrição que deve ter impacto ainda maior: o RT afirma ser “a rede de notícias mais assistida” na plataforma de vídeos do Google, mas agora está bloqueada na União Europeia. Isso também vale para o Sputnik.
“Devido à guerra em andamento na Ucrânia, estamos bloqueando canais do YouTube ligados ao RT e Sputnik em toda a Europa, com efeito imediato. Levará algum tempo para que nossos sistemas apliquem essa mudança completamente”, Google Europe via Twitter
Os europeus que tentam acessar vídeos do RT e Sputnik no YouTube se deparam com um aviso de que “este canal não está disponível no seu país”:
TikTok, Twitter e Reddit impõem limites
A Meta bloqueou as páginas oficiais do RT e Sputnik no Facebook e Instagram nesta segunda-feira (28); a restrição vale para usuários em toda a União Europeia. Os perfis não poderão ser visualizados na região, mas continuam disponíveis em outros países como o Brasil.
“Recebemos pedidos de vários governos e da UE para tomar mais medidas em relação à mídia estatal russa”, disse Nick Clegg, vice-presidente de assuntos globais da Meta, no Twitter. “Dada a natureza excepcional da situação atual, restringiremos o acesso ao RT e ao Sputnik em toda a UE neste momento.”
O TikTok fez o mesmo: os perfis do Sputnik e RT não aparecem mais para o público na União Europeia.
Desde segunda, o Twitter rotula links do RT e TASS para deixar claro que esses sites de notícias são afiliados ao governo russo.
Por exemplo, se você postar um link para um artigo do RT, aparece um aviso na parte superior com um ponto de exclamação laranja dizendo que “este tweet está vinculado a um site de mídia afiliado ao estado da Rússia”.
Desde a invasão da Ucrânia, links para meios de comunicação estatais da Rússia foram compartilhados mais de 45 mil vezes por dia no Twitter. É o que diz Yoel Roth, chefe de integridade na rede social; ele também promete que a empresa procura “reduzir significativamente a circulação desse conteúdo”.
E temos o Reddit, que colocou a comunidade r/Russia em quarentena. Quem tenta acessá-la encontra o aviso de que o subreddit contém “um alto volume de informações não suportadas por fontes confiáveis”.
O subreddit r/RussiaPolitics, criado há poucos dias para discutir temas relacionadas à invasão da Ucrânia, também está em quarentena.
Quando um subreddit fica em quarentena, ele não aparece nas buscas, em recomendações nem nos feeds gerais como r/Popular ou r/All. A ideia é limitar o alcance na plataforma.