NFTs movimentam bilhões de dólares no mercado de tecnologia
The Defiant
NFTs movimentam bilhões de dólares no mercado de tecnologia

Tokens não fungíveis, conhecidos pela abreviatura NFT, são ativos digitais que têm atraído apostas não só de grandes empresas, mas também jovens ainda em formação escolar, além de movimentar bilhões no mercado de games.

Inserido num mercado de risco elevado, chamam atenção os casos de ganhos financeiros expressivos, como o da adolescente Nyla Hayes, de 13 anos, que ficou multimilionária a partir da venda de suas criações artísticas em NFT durante um ano.

Mas nem tudo são lucros. Em março, depois de atrair milhares de jogadores e vender muitas NFTs, o jogo F1 Delta Time anunciou o encerramento repentino e saiu do ar tornando todos os tokens associados a ele sem valor.

Nyla Hayes, 13 anos

Inspirada por brontossauros, a garota faz desenhos de mulheres célebres ou anônimas, porém com um traço em comum, que as deixa pescoçudas. Cada retrato é feito de forma única e original e tem sua cópia digital vendida nos moldes do token não fungível, determinando um proprietário por unidade. Como a comercialização acontece no blockchain, a transação é feita usando criptomoeda.

Até o último dia 7, Nyla já havia criado mais de 3 mil peças, de acordo com a emissora americana "NBC".

"No começo eu só queria juntar duas coisas que eu amo, e isso era brontossauros e mulheres. Eu queria mostrar como as mulheres são bonitas e fortes, e pensei no brontossauro também", explicou.

"Adoro desenhar mulheres do mundo todo porque gosto muito de culturas e origens diferentes".

Para se ter uma ideia dos valores, um dos desenhos de Nyla, foi vendido em março por uma quantia equivalente a US$ 6.621,70, enquanto em fevereiro ela havia vendido um por US$ 3.920,05. O total, ao longo de um ano, beira US$ 7 milhões, segundo o "Daily Mail".

A adolescente, selecionada pela revista "Time" como a primeira "artista residente", termo referente a jovens que desenvolvem NFTs, afirma que recebeu apoio da mãe em suas criações. A menina começou a usar smartphone aos 9 anos.

"Eu nunca esperava que explodisse assim", disse.

Victor Langlois, 19 anos

Outros casos que se destacam são do jovem trans Victor Langlois, de 19 anos, que acumulou US$ 26 milhões a partir de sua coleção em NFT, também no período de um ano, conforme informou o portal "Fortune" no último 26 de janeiro.

Ainda no final de 2020, o rapaz, morador de Seattle, nos EUA, comercializava sua arte nos formatos de adesivo e estampa em seu perfil no Twitter, a US$ 5 cada.

Diferentemente de Nyla, porém, ele contou que não teve incentivo da família para fazer carreira artística.

"Crescendo, minha família disse que eu nunca poderia viver da arte, que meu estilo de arte é muito estranho, muito assustador, muito feio", afirmou Victor, conhecido na internet como FEWOCiOUS.

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A entrada do jovem no mercado de NFT ocorreu a partir do interesse de um internauta que quis comprar um de seus desenhos neste formato.

"Ele não estava interessado em arte física, estava interessado em arte digital", lembrou Victor.

Dali em diante, o jovem disse que conheceu "essa comunidade de pessoas 'tokenizando' sua arte" e mergulhou nela.

Segundo o site "Fortune", alguns dos NFTs de Victor disponibilizados numa casa de leilões online em junho de 2021 atraíram muito tráfego, sobrecarregando a página de acesso e forçando o adiamento do evento para dois dias depois.

Jaiden Stipp, 15 anos

Quem também está se inserindo nesse meio e já chama bastante atenção é o adolescente Jaiden Stipp, de 15 anos, morador do estado americano de Washington. Ao "Fortune", ele disse que fez sua inscrição na plataforma SuperRare em dezembro de 2020 e, por ser menor de idade, precisou da autorização dos pais, que o apoiaram.

"Meus pais me ajudaram a montar tudo e, um mês depois, cunhei minha primeira obra de arte", contou ao portal, em publicação de 19 de janeiro deste ano.

A primeira peça de Jaiden, que mostra o movimento de um esqueleto de astronauta acenando na lua, foi vendida por 20 Ethereum, algo em torno de US$ 30 mil, pelos valores da época. Ele esperou pouco mais de uma semana antes de vendê-la. Desde então, fez outras criações e arrecadou mais de US$ 350 mil.

"Hoje em dia, existem ainda mais artigos e recursos explicando como fazer uma carteira criptográfica e interagir com o cenário NFT, para que qualquer pessoa possa participar, se quiser", afirmou, ressaltando que mesmo estando no mercado digital, ele gosta de incluir peças físicas em suas vendas.

Benyamin Ahmed, 12 anos

Outro adolescente que teve sucesso nos NFTs foi Benyamin Ahmed, morador de Londres, no Reino Unido, que, aos 12 anos, arrecadou 290 mil libras durante as férias escolares. Segundo publicação da "BBC" no último 27 de agosto, o menino, cujo pai é desenvolvedor de software, preparou uma série de obras de arte pixeladas chamadas Weird Whales (baleias esquisitas, em traduçao livre). A comercialização ocorreu com a criptomoeda Ethereum, a mesma usada por Jaiden. Antes de entrar nesse mercado, contudo, Benyamin diz que nunca sequer teve uma conta bancária tradicional.

"Meu conselho para outras crianças que talvez queiram entrar nesse espaço é não se forçar a codificar, talvez porque você é pressionado pelos colegas, tipo se você gosta de cozinhar, cozinhe, se gosta de dançar, dance, apenas faça isso da melhor maneira possível", sugeriu.

Benyamin disse que para criar a coleção de 3.350 baleias do tipo emoji usou seu próprio programa de codificação, com a supervisão do pai. Imran contou que chegou a contratar advogados para "auditar" o trabalho do filho, de forma que não infrigisse direitos autorais de outra pessoa.

Para criar e vender arte digital, artistas se inscrevem em mercados de NFT, como SuperRare, OpenSea e Rarible, que fazem a transação financeira em criptomoedas. Nessas pataformas, deve-se efetuar o upload do ativo digital. É preciso já ter quantia em criptomoeda na carteira digital. O SuperRare, por exemplo, pede uma taxa pelo combustível e eletricidade necessários para alimentar o blockchain, o que já gerou críticas ao processo de um NFT por seus impactos ambientais negativos.

"Algumas pessoas dizem que é modinha, perguntam quem é que vai comprar NFT lá na frente. Aí eu comparo com a seguinte questão: por exemplo, qual é o valor de um quadro de Michelangelo? Ele é definido pela sociedade, por quanto as pessoas que têm poder aquisitivo para pagar acham que vale. Se veio para ficar, são outros quinhentos. A gente vai ver com o tempo. Na minha opinião, vejo um caminho possível para os NFTs ocuparem um espaço, não necessariamente roubando o espaço das obras arte", afirmou Carlos Heitor Campani, professor do Coppead da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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