O 5G está cercado de desafios como a maior necessidade de maior investimento em rede e em segurança digital. Carlos Lugo Silva, líder das relações com membros e parceiros para a região das Américas da União Internacional de Telecomunicações (UIT), destaca que a tecnologia, que estreia nesta quarta-feira (6) em Brasília (DF), exigirá mais antenas e mudanças regulatórias.
Os desafios são consideráveis. O aumento da capacidade e das velocidades de dados prometidas pelo 5G exige mais espectro e tecnologias. Parte desse espectro adicional virá de bandas cujas ondas de rádio se propagam em distâncias muito mais curtas das em 3G e 4G.
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Portanto, a cobertura de uma determinada área exigirá um número muito maior de estações base, o que aumentará a complexidade da infraestrutura. Na regulação, é importante reduzir barreiras à implantação de infraestrutura nos municípios e garantir a segurança digital na implantação de redes de quinta geração.
Como reduzir a “exclusão digital” na América Latina?
É preciso uma soma de medidas de política pública e regulação com um esforço público e privado, onde todos os atores devem contribuir com ações concretas que garantam a inclusão digital de todos os cidadãos. Para isso, a agenda digital tem de ser política de Estado.
Qual o tamanho dessa exclusão?
Hoje, 37% da população mundial, ou 2,9 bilhões de cidadãos, ainda não são usuários da internet. E 96% desses cidadãos estão em países em desenvolvimento. Além disso, a diferença entre conectividade urbana e rural é relevante.
No mundo, nas áreas urbanas, 76% das pessoas estão conectadas. Nas rurais, 39%. Nos países menos desenvolvidos, a conectividade é de 47% nas áreas urbanas e de 13% nas áreas rurais.
Isso nos apresenta a necessidade de promover estratégias para financiar a conectividade e alcançar a equidade no acesso à banda larga. São pelo menos US$ 428 bilhões para conectar esses quase três bilhões de pessoas não conectadas.
E no Brasil?
Quase 40 milhões de pessoas ainda não têm acesso à internet. Quando olhamos o continente americano como um todo, há uma lacuna de 182 milhões de cidadãos sem acesso.
O esforço exige uma regulamentação simples, inovadora, flexível. É repensar os fundos universais. Isso vai promover políticas públicas e maior concorrência. Os governos não podem oferecer espectros olhando para a arrecadação. O foco precisa ser na ampliação da cobertura. No fim, o que se busca é uma transformação digital efetiva.
Tem que também criar novas políticas de conectividade rural, priorizando tecnologias e projetos sustentáveis, eficientes e rápidos, além de financiar novos ecossistemas de inovação baseados no digital.