Enquanto Elon Musk e Mark Zuckerberg não se enfrentam nos ringues na vida offline, a Meta lançou seu golpe digital para tentar nocautear o Twitter. Trata-se do Threads, a nova rede social do Instagram dedicada a publicações curtas de texto. O aplicativo foi liberado na noite desta quarta-feira (5) e, logo que foi lançado, já baixei e comecei a testá-lo. A seguir, te conto tudo o que você vai encontrar na nova rede social.
A primeira impressão sobre o Threads não pode ser outra: a rede social é uma cópia do Twitter, como esperado. A não ser pelo logotipo criativo e que é animado toda vez que o feed é atualizado, nada na plataforma é autêntico. O feed tem cara de Twitter, as publicações têm cara de Twitter e os recursos são iguais aos do Twitter.
Apesar de ser uma cópia do Twitter, o Threads merece crédito em uma coisa: nunca foi tão fácil começar a usar uma rede social. Como a plataforma importa tudo do Instagram (nome de usuário, perfil e até pessoas que você segue), logo de cara o feed já estava cheio de publicações. Não a toa, a rede social atingiu 30 milhões de usuários nesta manhã, horas após o lançamento.
Por conta dessa facilidade e do número de pessoas que aderiram ao Threads, a experiência já começou boa - diferente de quando surgiram outras redes sociais, como Clubhouse ou BeReal, nas quais a gente tinha que ficar esperando os amigos criarem uma conta para alcançar um número suficiente de pessoas para que o feed se tornasse interessante. Assim que baixei o Threads, já segui todos os amigos do Instagram com um só clique e, pronto, meu feed já estava cheio de gente e pronto para roubar bons minutos - ou horas? - do meu tempo de tela.
Assim como existe o lado bom de seguir todo mundo que você segue no Instagram, também existe o lado ruim. Como o algoritmo do Instagram filtra as publicações e acaba mostrando no feed apenas posts de uma pequena parcela das pessoas que seguimos, tem muita gente que acabamos esquecendo que seguimos. Quando entrei no Threads, comecei a ver uma enxurrada de publicações de pessoas que eu não costumo ver no Instagram - e muitas que eu nem lembrava quem eram.
Além disso, acho que todo mundo concorda que o perfil de pessoas que seguimos no Instagram é diferente do perfil de pessoas que seguimos no Twitter, - afinal, são plataformas completamente diferentes. Na minha experiência particular (e que eu acredito que se estende para muita gente), o Twitter sempre foi uma rede social muito mais para consumir notícias, saber das fofocas e me atualizar sobre as polêmicas do momento. Ou seja, a rede social dos assuntos gerais. No caso do Instagram, eu o vejo como a plataforma para saber da vida dos meus amigos e familiares, além de passar tempo consumindo conteúdos que têm a ver com os meus gostos. Ou seja, a rede social dos assuntos específicos.
No Threads, parece que as coisas ficaram bagunçadas: é como se o tipo de publicação não estivesse combinando com o formato da rede social. Por isso, se você for usar o Threads e importar as pessoas que segue do Instagram, prepare-se para encontrar um Twitter cheio de parentes, colegas de escola que você não lembra quem são e influenciadores que até são engraçados em vídeos no Instagram, mas que se mostram nada interessantes em publicações de texto.
Apesar dessas críticas, para quem já estava de saco cheio do Twitter e das mudanças que Elon Musk causou nele nos últimos meses, o Threads parece ser uma opção interessante. Não porque eu acredito no papo de Zuckerberg de que a rede vai incentivar debates públicos de forma mais amigável que o concorrente, mas porque a Meta parece estar empenhada em bater de frente com o Twitter. E isso pode significar que, em breve, essa plataforma, por enquanto muito simples, ganhe novos recursos e se torne mais interessante. Talvez isso faça com que ela seja cada vez mais parecida com o Twitter; talvez isso a obrigue a ganhar uma identidade própria.
Para concluir essa lista de primeiras impressões em menos de 24 horas de Threads, eu diria que vale a pena experimentar o Threads. Antes disso, porém, saiba que se você criar uma conta e não gostar dela, é impossível exclui-la sem deletar o Instagram junto. Pelo amor ou pelo ódio, Zuckerberg arrasou na solução encontrada para manter os usuários ativos na nova rede social.