Vídeos adulterados de famosos vêm sendo utilizados para promover uma versão falsa do jogo de celular "Subway Surfers". Por meio de campanha veiculada nas redes sociais – algumas impulsionadas através de pagamento –, os vídeos prometem dinheiro fácil através do jogo, chamado "Subway Money", "Subway Cash" e, em alguns vídeos, "Subway Pay".
Diferente do original (que trata-se do mais famoso game de "endless runner" – "corredor infinito", em tradução), a versão utilizada por golpistas é um jogo de cassino, no qual o personagem-protagonista, o "surfista de trem", acessa as moedas fictícias da tela como se fossem reais.
Para convencer as vítimas, criminosos impulsionam no X (antigo Twitter), Instagram, YouTube e TikTok vídeos adulterados de famosos – como o jornalista César Tralli, Anitta e a influencer Virginia Fonseca – por meio de deepfake, em que fazem propaganda do game afirmando terem recebido o suposto dinheiro.
O deepfake é uma técnica que usa inteligência artificial para fazer parecer que uma pessoa está falando algo que não disse em uma gravação. Em alguns casos, a sincronia entre voz e vídeo torna quase imperceptível a adulteração. A ideia é convencer as vítimas que paguem pelo jogo, mas os vídeos são falsos.
Os vídeos ainda mostram trechos de gravações da tela dos celulares que se parecem com Subway Surfers, mas mostram uma área do que seria o valor a receber pelo jogador – inexistente no jogo oficial.
As vítimas são induzidas a criar uma conta em um site do falso jogo, com nome, e-mail e senha, e efetuar transferências via PIX para ter acesso ao jogo – a versão oficial de "Subway Surfers" é gratuita.
O game solicita um valor, que varia entre R$ 30 e R$ 100, a ser pago para que o “crédito”, em valor de até cinco vezes o depositado, vá para a conta da vítima, porém esse depósito nunca retorna.
"Em um mundo onde a linha entre realidade e ficção digital está cada vez mais tênue, nosso cuidado com o que ouvimos e lemos é crucial contra a disseminação de desinformação", afirma Fabio Assolini, diretor da equipe de Pesquisa e Análise para a América Latina da Kaspersky, empresa global de cibersegurança e privacidade digital.
"Os famosos 'retornos financeiros' rápidos na internet são, normalmente, golpes em desavisados", complementa Assolini. "O uso de ferramentas de IA apenas farão com que eles se tornem mais comuns. Se tiver alguma dúvida sobre um site ou app, não envie dinheiro ou qualquer dado pessoal".
Como reconhecer uma deepfake
As técnicas de manipulação digital estão constantemente evoluindo, no entanto algumas recomendações, listadas pela Kaspersky, auxiliam na interpretação de um vídeo feito com deepfake.
- Anomalias Faciais e Corporais: Procure por inconsistências nos movimentos faciais, expressões ou movimentos corporais que pareçam estranhos ou não naturais. Observe se há desalinhamentos nos olhos, boca ou outras partes do rosto.
- Sincronização Labial e Expressões: Verifique se as palavras correspondem corretamente aos movimentos labiais e se as expressões faciais são apropriadas para o contexto do vídeo.
- Iluminação e Sombreamento: Avalie se a iluminação no rosto se alinha com o ambiente ao redor. Inconsistências na iluminação podem indicar manipulação.
- Conscientização e Educação: Esteja ciente da existência de deepfakes e eduque-se sobre as tecnologias de manipulação digital. Quanto mais consciente você estiver, melhor será sua capacidade de detectar possíveis fraudes.
- Cuidado com sites falsos: Se tiver dúvidas de um site ou aplicativo, não insira suas informações e não realize pagamentos.