O Orkut
, a icônica rede social do Google que dominou os anos 2000, voltou a ser um dos tópicos mais discutidos no X (antigo Twitter) na última segunda-feira (12). Os brasileiros relembraram com nostalgia as comunidades que faziam do Orkut um espaço de encontros virtuais e discussões sobre interesses variados.
Entre as comunidades mais notórias, destacavam-se "Eu Odeio Acordar Cedo", com mais de 6 milhões de membros, e "Eu amo minha MÃE!", que contava com cerca de 4,5 milhões de integrantes. Essas comunidades eram exemplos de como o Orkut conseguiu conectar pessoas com interesses semelhantes de forma genuína e engajada.
Um post que capturou essa onda de nostalgia alcançou 2 milhões de visualizações e gerou centenas de comentários. "No Orkut, as pessoas se reuniam por ideais comuns. Se eu criasse uma comunidade chamada 'Eu odeio calça saruel', ninguém da comunidade 'Eu amo calça saruel' viria me incomodar, porque eles estavam ocupados na sua própria comunidade. Era possível amar e odiar coisas em paz", comentou um usuário no X.
O momento é ainda mais significativo pois o próprio fundador do Orkut, o engenheiro turco Orkut Buyukkokten, está no Brasil para o "Rio Innovation Week", que acontece nesta quarta-feira (14). Buyukkokten confirmou que está trabalhando para trazer o Orkut de volta e expressou seu desejo de recrutar talentos de São Paulo, uma cidade pela qual tem um carinho especial.
"Todos nós sentimos falta de algo como o Orkut. As pessoas lembram das comunidades autênticas que formamos lá. As redes sociais hoje se tornaram mais focadas em marketing e influenciadores, em vez de criar verdadeiras conexões. Acredito que é o momento perfeito para ressuscitar essa experiência autêntica", disse Buyukkokten ao g1.
Embora Buyukkokten não tenha fornecido uma data exata para o retorno da plataforma, ele indicou que o lançamento está sendo planejado para ocorrer em breve. O site oficial do Orkut, que foi descontinuado em 2014, foi reativado em 2022 com uma mensagem enigmática sobre um novo projeto em desenvolvimento. Esse retorno simbólico ocorreu pouco após Elon Musk anunciar a compra do Twitter, o que gerou um debate sobre o futuro das redes sociais e reacendeu o desejo de muitos internautas pela volta do Orkut.
"Se você pensar no 'orkut.com', era tudo sobre unir as pessoas e eu sei que o que nos une é o que temos em comum. Então, no Orkut, todos tiveram conversas maravilhosas sobre coisas que amavam e compartilharam, riram e se divertiram muito", diz.
"Se você olhar para as mídias sociais hoje, são plataformas muito diferentes, como Facebook e Instagram. Elas priorizam o lucro sobre a segurança e elas realmente lucram com a negatividade e a raiva porque as emoções negativas mantêm as pessoas afastadas por mais tempo, o que significa que elas passam mais tempo olhando anúncios e essas empresas conseguem lucrar mais exibindo anúncios e também coletando e vendendo dados. As mídias sociais são tão tóxicas agora", critica.
Segundo o engenheiro, a rede social tinha objetivo de posicionar comunidades e unir as pessoas. Na época, o site conquistou 300 milhões de usuários ao redor do mundo.
"E é por isso que todos se lembram do Orkut como um lugar onde encontraram seu melhor amigo, conseguiram o emprego dos sonhos, se apaixonaram, se casaram e criaram filhos juntos. E eu acho que podemos trazer esse engajamento autêntico e genuíno de volta. E a chave é usar a tecnologia para usar ferramentas como IA e aprendizado de máquina. Podemos trazer essa autenticidade e conexão de volta à sociedade por meio das mídias sociais se otimizarmos os algoritmos", afirmou.
"Estou pegando toda a experiência que tive com Orkut, Hello, para lançar uma nova rede social onde vou trazer toda a positividade e todas as experiências que tive com todos esses. Se você pensar sobre o conteúdo que é criado hoje, ele realmente não agrega valor. Você tem adolescentes, geralmente passando de três a sete horas no TikTok. E o que eles realizam no final? Eles não realizam nada. Eles não estão fazendo novos amigos, não estão criando novas conexões, mas estão deprimidos e solitários".