O secretário de Políticas Digitais do governo Lula ( PT ), João Brant , manifestou-se contra a decisão da Meta de encerrar o sistema de checagem de fatos em suas plataformas. O anúncio, feito nesta terça-feira (7), prevê a substituição das agências de checagem profissionais por um sistema de notas da comunidade, semelhante ao utilizado pelo X (antigo Twitter ).
Segundo o CEO da Meta , Mark Zuckerberg , a mudança será implementada inicialmente nos Estados Unidos , com previsão de expansão para outros países. A decisão foi interpretada por Brant como um movimento que pode enfraquecer a integridade das redes sociais.
"Significa um convite para o ativismo da extrema direita reforçar a utilização dessas redes como plataformas de sua ação política", afirmou o secretário em publicação no LinkedIn. "Facebook e Instagram vão se tornar plataformas que vão dar total peso à liberdade de expressão individual e deixar de proteger outros direitos individuais e coletivos”, disse Zuckerberg
O secretário interpretou a fala do CEO da Meta como uma indireta ao Supremo Tribunal Federal (STF), que recentemente travou embates judiciais com o proprietário do X, Elon Musk.
"É uma declaração fortíssima, que se refere ao STF como ‘corte secreta’, ataca os checadores de fatos (dizendo que eles ‘mais destruíram do que construíram confiança’) e questiona o viés da própria equipe de ‘trust and safety’ da Meta – o que ‘justifica’ uma manobra para fugir da lei da Califórnia e levar a equipe para o Texas", disse Brant.
Críticas ao alinhamento político da Meta
Brant também sugeriu que a medida reflete uma sintonia com o governo de Donald Trump, que assumirá novamente a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro. "A declaração (de Zuckerberg) é explícita, sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump", afirmou o secretário.
O posicionamento de Zuckerberg foi reforçado por sua recente aproximação com Trump. Em novembro de 2024, o executivo encontrou-se com o presidente eleito e, segundo a Fox News, declarou antes do encontro: "Desejo apoiar a renovaçãonacional da América sob a liderança do presidente Trump."
De acordo com Brant, a decisão da Meta comprometerá financeiramente as operações das empresas de checagem de fatos. "Meta vai asfixiar financeiramente as empresas de checagem de fatos", disse, acrescentando que isso afetará tanto as atividades realizadas dentro quanto fora das plataformas.
Declarações de Zuckerberg
O anúncio foi feito em um vídeo publicado no Instagram, no qual Zuckerberg criticou as agências de checagem, acusando-as de serem "enviesadas politicamente" e de "destruírem a confiança" dos usuários. Ele afirmou que a Meta pretende reduzir erros, simplificar as políticas de conteúdo e "restaurar a liberdade de expressão nas plataformas".
Desde 2016, a checagem de fatos era realizada nas propriedades da Meta, com verificadores marcando publicações como falsas e limitando seu alcance. Temas como covid-19, eleições e desastres naturais eram frequentemente sinalizados.
Donald Trump sempre foi crítico às iniciativas de checagem de fatos nas redes sociais. O presidente eleito chegou a ser banido do Twitter, antes de Elon Musk adquirir a plataforma e restabelecer sua conta. Agora, como futuro secretário no governo Trump, Musk deverá reforçar essa postura.