Blue Origin
Patrick T. Fallon
Blue Origin

A Blue Origin, empresa do bilionário Jeff Bezos, comemorou um marco importante na madrugada desta quinta-feira (16) com o lançamento inaugural de seu novo foguete de alta capacidade, o New Glenn. Embora o lançamento tenha sido bem-sucedido e tenha cumprido seu objetivo principal, que era alcançar a órbita, o esperado pouso do primeiro estágio do foguete sobre uma balsa no oceano Atlântico foi adiado para uma próxima missão.

O foguete de 98 metros de altura decolou da plataforma 36 da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida, após alguns atrasos na contagem regressiva. A janela de lançamento foi aberta às 3h (horário de Brasília), mas a decolagem ocorreu apenas às 4h03, devido a uma parada para resfriamento dos motores e outra para retirar um barco da área protegida. Após o lançamento, o segundo estágio alcançou a órbita cerca de 13 minutos depois, cumprindo a missão de colocar artefatos em órbita terrestre.

Durante a reentrada, o contato com o primeiro estágio foi perdido, o que não foi uma surpresa para os engenheiros da Blue Origin. Antes do voo, Jeff Bezos já havia comentado que tentar pousar o foguete na primeira tentativa seria uma abordagem ousada. Para ele, uma solução mais sensata seria pousar o foguete no oceano e deixar o desafio do pouso vertical para um futuro voo. Essa estratégia é similar ao caminho percorrido pela SpaceX, que levou vários anos e tentativas frustradas para aperfeiçoar a recuperação de seus foguetes.

O New Glenn, que é muito maior que o New Shepard, usado pela Blue Origin em voos suborbitais, enfrentou novos desafios devido à sua escala. A empresa já possui experiência com pousos verticais, mas com o New Glenn, os obstáculos são ainda maiores. A SpaceX também passou por esse processo com o Falcon 9, enfrentando vários fracassos até conseguir aperfeiçoar a recuperação de seus foguetes, com mais de 300 pousos bem-sucedidos até hoje. A Blue Origin, por sua vez, está apenas começando essa jornada, mas as expectativas para o sucesso no futuro são altas.

Objetivo do voo e próximos passos

O voo do New Glenn desta quinta-feira foi principalmente um teste de certificação, com o objetivo de demonstrar a capacidade do foguete de colocar artefatos em órbita. A missão foi considerada um sucesso absoluto, embora o Departamento de Defesa dos Estados Unidos exija dois voos bem-sucedidos para permitir o uso do foguete em missões com satélites militares.

Durante o voo, a Blue Origin aproveitou a oportunidade para lançar o Blue Ring Pathfinder, um dispositivo experimental projetado para atuar como um "rebocador espacial", capaz de movimentar satélites entre diferentes órbitas. Durante a missão, o dispositivo permaneceu acoplado ao segundo estágio do New Glenn, em uma órbita elíptica com um apogeu de 19,3 mil km e um perigeu de 2,4 km, com a missão planejada para durar cerca de seis horas.

Em termos de capacidade de carga, o New Glenn se posiciona como um intermediário entre o Falcon 9 e o Falcon Heavy da SpaceX, podendo transportar até 45 toneladas para a órbita terrestre baixa. Comparativamente, o Falcon 9 leva 23 toneladas e o Falcon Heavy, 64 toneladas. O custo dos voos de ambos os foguetes é semelhante, com cerca de US$ 69 milhões por lançamento.

A Blue Origin planeja fazer pelo menos seis a sete lançamentos do New Glenn em 2025, com contratos com a NASA, a empresa de telecomunicações Telesat e o Projeto Kuiper, a constelação de satélites de internet da Amazon, de propriedade de Bezos. Em 2026, o New Glenn também deverá ser responsável pelo lançamento de uma missão lunar robótica, o módulo Blue Moon Mark 2.

O grande desafio da Blue Origin, no entanto, será aumentar a cadência de lançamentos. Atualmente, a SpaceX tem uma capacidade incomparável de realizar mais de 100 lançamentos por ano, enquanto a Blue Origin, após o sucesso deste primeiro voo, prevê um número muito menor de lançamentos em 2025, o que torna seu caminho para igualar a agilidade da concorrente um dos maiores desafios a ser superado.

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