
Por 123 dias, engenheiros do Centro de Tecnologia e Engenharia para Utilização Espacial (CSU) executaram uma operação inédita: aproveitaram a gravidade da Terra, da Lua e do Sol como um " estilingue gravitacional " para reposicionar satélites presos a uma órbita errada.
Em março de 2024, os dois satélites chineses, DRO-A e DRO-B, ficaram presos em uma órbita incorreta após uma falha no lançamento do foguete.
A missão, inicialmente vista como um fracasso, tornou-se um marco na exploração espacial.
O problema surpreendeu até a equipe. "Foi minha primeira missão assistida, e não esperava uma falha", contou Zhang Hao, engenheiro do CSU, à CGTN Digital.
Os satélites giravam descontrolados e estavam mais próximos da Terra do que o planejado.
Dois grupos se formaram: um estabilizou as naves com propulsores; outro, liderado por Zhang, calculou rotas alternativas. "Se fossem destruídos, seria um golpe emocional e financeiro", admitiu.
A matemática que salvou a missão
Com os satélites parcialmente danificados e sem energia suficiente para manobras convencionais, a solução foi substituir combustível por tempo.
"Usamos a gravidade como aliada para economizar energia", explicou Mao Xinyuan, pesquisador do CSU, à CGTN Digital.
A primeira manobra durou 20 minutos críticos. "Fiquei olhando a tela até ver o 'normal'", lembrou Zhang. As etapas seguintes, comparadas por ele a "criar um filho", demandaram meses de ajustes.

Faróis no espaço
Os satélites resgatados integram uma constelação que atua como "faróis de navegação" entre a Terra e a Lua, cobrindo 100 milhões de quilômetros. "Localizamos naves em 3 horas, não em dias", destacou Mao.
A tecnologia permite pilotagem autônoma: basta definir um destino, e a nave calcula o trajeto sozinha.
Segundo Wang Wenbin, também do CSU, a órbita retrógrada distante(DRO) onde operam é um "porto espacial natural" – estável e estratégico para futuras missões lunares.