Ação humanitária das Santas Casas

As Santas Casas são instituições privadas filantrópicas que têm como missão cuidar e apoiar enfermos, inválidos e prestar assistência a recém-nascidos abandonados. Foram criadas com o objetivo de atender aos pobres, doentes, abandonados e marginalizados, antecipando-se às atividades estatais de assistência social e saúde. São diferentes dos hospitais tradicionais por serem originárias da prática religiosa, com uma abordagem humanitária e caridosa, hoje filantrópica, destacando-se pela solidariedade e pelo cuidado coletivo, focando em promover a reabilitação e a utilidade social dos assistidos.

As irmandades católicas são uma das primeiras heranças da colonização portuguesa, quase tão antigas quanto a carta de Pero Vaz de Caminha. A primeira Santa Casa do Brasil foi instituída em Olinda, Pernambuco, em 1539. Hoje, as Santas Casas desempenham um papel fundamental na criação de cursos de medicina e enfermagem. Oferecem diversos tipos de serviços de saúde, muitas funcionam como hospitais estruturantes e são mantidas por meio de doações, benefícios governamentais e trabalho voluntário. Possuem funcionários contratados e um quadro de conselheiros.

Lembrando que o Presidente Jair Bolsonaro foi atendido e operado pelos profissionais da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora após a facada, em 2018. Bolsonaro definiu o episódio como a oportunidade da “segunda vida”, declarando que Juiz de Fora se tornou sua cidade natal. O hospital filantrópico centenário atendeu Bolsonaro, ainda durante sua campanha eleitoral no município da Zona da Mata.

Representatividade na Saúde Pública do Brasil

A visita de hoje é também uma forma de motivar parcerias para nossa instituição, que possui um setor de pesquisas tão relevante. 

A ação humanitária das Santas Casas destaca-se como uma missão filantrópica essencial, cuidando de enfermos, inválidos e oferecendo assistência a recém-nascidos abandonados. Originárias da prática religiosa, essas instituições hoje são fundamentais no sistema de saúde brasileiro, atuando como hospitais estruturantes mantidos por doações, benefícios governamentais e trabalho voluntário. Representam mais de 50% dos atendimentos ambulatoriais e hospitalares do SUS, além de desempenharem papel crucial em tratamentos de alta complexidade e transplantes no país, gerando mais de 990 mil empregos diretos, de acordo com dados do Ministério da Saúde, entre funcionários administrativos, médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.

Tecnologia a favor da população

Do que adianta a tecnologia se não for para melhorar a qualidade de vida das pessoas? Toda inovação representa uma grande oportunidade para aprimorar procedimentos médicos e expandir o acesso aos cuidados de saúde na sociedade. A tecnologia proporciona uma conexão útil e pragmática para resolver problemas cotidianos, especialmente no contexto da saúde e qualidade de vida, trazendo ganhos e benefícios significativos, sobretudo com a revolucionária inteligência artificial (IA). Durante minha gestão no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, estabeleci 8 Centros de Inteligência Artificial, com um foco específico na saúde da população. A IA tem o potencial de transformar o diagnóstico, o tratamento e a gestão de pacientes. Quanto mais avançado o algoritmo, maior sua capacidade de analisar grandes volumes de dados médicos de maneira ágil, auxiliando médicos na identificação precoce de doenças, como o câncer, por meio de imagens de alta precisão. Além disso, ela pode personalizar tratamentos, antecipando respostas individuais e diferentes terapias com base no histórico médico do paciente. Ao automatizar tarefas administrativas e técnicas, a IA melhora a eficiência e facilita o monitoramento remoto de pacientes crônicos. Esses avanços não só aumentam a precisão e a rapidez do atendimento, mas também reduzem custos e permitem que profissionais de saúde se concentrem em cuidados mais complexos e humanizados.

 Por exemplo, um bebê que necessita de cuidados intensivos na UTI precisa de monitoramento constante após receber alta do tratamento. A Santa Casa de São Paulo, por meio da dedicação voluntária de um dos médicos que servem à comunidade, implementou um sistema de monitoramento neonatal na UTI, conectando-o a uma central de dados que analisa qualquer atividade anômala para prevenir sequelas. Esse projeto, embora não integrado ao SUS, é resultado do voluntariado desse médico.

O bom exemplo da pandemia

A gente precisa extrair os pontos positivos dos eventos negativos que acontecem em nossas vidas. Um exemplo claro disso é o período da crise sanitária da COVID-19, quando profissionais e gestores hospitalares se mobilizaram rapidamente para implementar a telemedicina. Médicos utilizaram consultas remotas para tratar pacientes que não podiam sair de casa. No entanto, a telemedicina vai além disso. Segundo o artigo  “The multiple uses of telemedicine during the pandemic: the evidence from a cross-sectional survey of medical doctors in Brazil”, conduzido pela Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e a Queen Mary Universityof London (Reino Unido), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Newton Fund (Reino Unido), a telemedicina foi amplamente utilizada no SUS para serviços voltados aos pacientes com COVID-19, enquanto médicos do setor privado trataram outras doenças. O estudo destaca que a telemedicina veio para ficar, mostrando como os sistemas de saúde se adaptam às crises econômicas, políticas ou sanitárias, encontrando soluções transitórias ou permanentes. De acordo com os dados, além das consultas remotas, 55% da telemedicina foi usada para conectar profissionais e discutir casos clínicos, e 40% para capacitação e atualização de conhecimentos.

Essa abordagem não apenas amplia o acesso aos cuidados médicos independentemente da localização geográfica dos pacientes, beneficiando indivíduos em áreas rurais ou com mobilidade limitada, mas também melhora a eficiência do sistema de saúde ao reduzir o tempo de espera e os custos associados ao atendimento presencial. Além disso, possibilita o monitoramento contínuo de pacientes crônicos, garantindo um cuidado mais consistente e personalizado.

Emendas Parlamentares em apoio à saúde

Emendas parlamentares são instrumentos legislativos utilizados para propor alterações em propostas no que diz respeito ao orçamento público. Elas permitem destinar recursos financeiros do orçamento federal, estadual ou municipal para a realização de obras, serviços ou programas de interesse público. Esses recursos são fundamentais para atender demandas específicas de cada comunidade, financiando projetos nas áreas de infraestrutura, saúde, educação, segurança, entre outras, a fim de contribuir para o desenvolvimento regional e a melhoria da qualidade de vida da população.

E elas podem desempenhar um papel importante no apoio às Santas Casas no Brasil. Essas instituições enfrentam desafios financeiros significativos devido à defasagem no financiamento público. As emendas permitem destinar recursos específicos para melhorias estruturais, aquisição de equipamentos médicos e expansão da capacidade de atendimento, contribuindo diretamente para a acessibilidade dos serviços prestados por essas instituições e fortalecendo o sistema de saúde pública do país.

Recentemente, destinei R$ 2 milhões por meio de uma emenda parlamentar para a Santa Casa de São Paulo, permitindo a aquisição de um microscópio 4K utilizado em procedimentos neurocirúrgicos de alta complexidade, como ressecção de tumores e aneurismas cerebrais. Esse investimento beneficiou mais de 40 pacientes em apenas um mês. Além disso, aprovei uma nova emenda de R$ 800 mil para aprimorar cirurgias laparoscópicas, beneficiando não apenas pacientes, mas também médicos em formação, ampliando seu conhecimento e segurança no ambiente hospitalar.

A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com mais de 400 anos de história, é uma referência no atendimento à população, especialmente através do SUS. Em 2023, realizou mais de 530 mil atendimentos ambulatoriais, 2,7 milhões de exames e 27 mil cirurgias, destacando-se também no ensino, pesquisa e inovação com mais de mil médicos residentes.

Essa é uma das instituições das quais enviei emendas parlamentares de apoio à saúde. Fico feliz de poder participar, contribuir e ver quantas pessoas a gente pode ajudar com as emendas parlamentares, isso é motivo de grande satisfação. O desafio agora é distribuir os recursos das emendas pelos 545 municípios de São Paulo, impactando positivamente a vida de milhares de cidadãos.

Você também pode ajudar

Não é fácil administrar esse setor e a forma de financiamento é um grande desafio. As Santas Casas do interior também precisam de apoio. Os custos operacionais são altos e dependem de doações e fundos de caridade, o que as deixam vulneráveis. Uma forma de ajudar é destinar parte da contribuição do Imposto de Renda (IR) para essas instituições como forma de doação para o Fundo do Idoso e o Fundo da Criança. O contribuinte pode destinar até 6% do valor do IR para um Fundo Social. Procure a Santa Casa da sua localidade ou do seu interesse, para entender o projeto que elas têm disponível sobre dedução do IR. No meu Podcast semanal, entrevistei a Diretora de Relações Institucionais da Santa Casa de São Paulo, Julia Povoas, e lá ela fala mais sobre as deduções e outras formas de doação. Para assistir a entrevista completa, basta acessar o canal  youtube.com/@astropontes ou escutar pelo spotify @astropontes.

As Santas Casas representam um pilar fundamental na saúde pública do Brasil e destacam-se pela sua origem humanitária e caridosa. Ao longo dos séculos, essas instituições têm desempenhado um papel crucial no cuidado de enfermos, inválidos e na assistência a recém-nascidos abandonados. Além de oferecerem serviços de saúde de alta qualidade, muitas Santas Casas também são centros de ensino, pesquisa e inovação, contribuindo significativamente para a formação de profissionais e o avanço científico. No entanto, enfrentam desafios financeiros que podem ser mitigados com apoio governamental e de iniciativas como emendas parlamentares e doações.

O papel dessas instituições é insubstituível no cuidado da saúde da população brasileira. Suas ações não se limitam ao tratamento de enfermos, mas abrangem também a inclusão social, a reabilitação e o amparo a grupos vulneráveis, garantindo um atendimento acessível e de qualidade para milhões de brasileiros. Apoiar as Santas Casas significa fortalecer o sistema de saúde como um todo, promovendo bem-estar e qualidade de vida para toda a sociedade.