Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, cerca de 47,3 milhões de alunos do ensino básico e do ensino médio encontram-se de  férias escolares nesse período. 

O grande desafio de pais e tutores é, entre outros, como desconectar os cérebros dessas crianças e jovens, que segundo estudos, estão em média, 4 horas por dia dependentes das telas com as atenções voltadas aos  celulares, tablets, TVs e Videogames nesse recesso escolar! Afinal, o que eles mais acessam? De séries, passando pelo esporte e dancinhas do Tik Tok, tem de tudo no mágico universo do entretenimento, ou se preferir, da distração! 

Como lidar com essa realidade? Como estabelecer regras? Como ser firme sem sucumbir as chantagens emocionais, aos apelos desesperados dessa moçada? A questão recai no dia a dia, nos pactos e acordos estabelecidos. O período de férias apenas potencializa uma realidade que já está colocada na rotina de todos nós. Negociar, flexibilizar sem perder a credibilidade, cumprir as privações prometidas, carece de firmeza, mas também do próprio exemplo de quem se propõe a instituir, pactuar e cumprir as regras. 

O que eu percebo é que essa firmeza sempre foi e sempre será testada nos limites cada vez mais extensos. Essa é a natureza especialmente dos adolescentes. Testar os limites ao máximo possível. É uma fase em que exigem ter todos os direitos dos adultos, mas somente os deveres de uma criança. Portanto, antes de dar as dicas específicas para esse período de recesso escolar, sugiro considerar:

10 medidas eficazes para lidar com a dependência tecnológica de jovens e adolescentes, especialmente em relação ao uso excessivo de telas no cotidiano:

1. Estabelecer Limites de Uso: Defina horários específicos para o uso de dispositivos eletrônicos, especialmente durante a noite. Isso ajuda a garantir que os jovens tenham tempo suficiente para outras atividades importantes, como o sono e os estudos.
2. Incentivar Atividades ao Ar Livre: Promova a prática de esportes, passeios e outras atividades ao ar livre. Essas atividades não só reduzem o tempo de tela, mas também melhoram o humor e promovem a interação social.
3. Criar Momentos de Desconexão: Estabeleça momentos em família onde todos, inclusive os adultos, desliguem seus dispositivos. Isso reforça o valor das conexões reais e ajuda os adolescentes a perceberem que a vida não precisa ser mediada por uma tela.
4. Promover o Diálogo Aberto: Converse abertamente sobre os riscos do uso excessivo de tecnologia e as consequências para a saúde. Aborde o tema sem julgamentos, para que os adolescentes se sintam à vontade para discutir suas dificuldades e limitações. Sugiram desabilitar todas as notificações. Esse é um grande passo pois elas geram gatilhos.
5. Buscar Ajuda Especializada: Em casos de dependência severa, considere o acompanhamento com um especialista. A ajuda profissional pode orientar tanto o jovem quanto a família em estratégias específicas para lidar com a dependência.
6. Implementar Programas de Alfabetização Digital: Nas escolas, programas de alfabetização digital podem ensinar os jovens a usar a tecnologia de maneira saudável e responsável.
7. Utilizar Ferramentas de Controle Parental: Softwares de controle parental podem monitorar e limitar o uso de dispositivos, ajudando a manter o equilíbrio entre o tempo de tela e outras atividades.
8. Promover Atividades Alternativas: Incentive hobbies e atividades que não envolvam tecnologia, como leitura, artesanato, música ou esportes. Isso ajuda a diversificar os interesses dos jovens e a reduzir a dependência de telas.
9. Educar sobre Autocontrole e Mindfulness: Ensine técnicas de autocontrole e mindfulness para ajudar os jovens a gerenciar melhor seu tempo e a reduzir o uso compulsivo de dispositivos digitais.
10. Modelar Comportamentos Saudáveis: Pais e educadores devem servir de exemplo, demonstrando um uso equilibrado da tecnologia. Quando os adultos mostram que é possível viver bem sem estar constantemente conectado, os jovens tendem a seguir esse exemplo.

Implementando essas medidas, é possível ajudar os jovens a desenvolverem uma relação mais saudável com a tecnologia, promovendo seu bem-estar físico e mental. 

Com relação ao período de férias escolares especificamente, seguem algumas recomendações que devem ser adaptadas a realidade socioeconômica de cada família: Colônias de Férias: Inscrever as crianças em colônias de férias com atividades educativas, esportivas ou artísticas; Atividades ao Ar Livre: Incentivar brincadeiras em parques, praças e áreas verdes. Atividades como andar de bicicleta, jogar bola ou fazer piqueniques são ótimas opções. Leitura e Artes: Promover a leitura de livros e a participação em oficinas de arte, como pintura e desenho. Esportes: Inscrever as crianças em aulas de esportes, como natação, artes marciais, atletismo ou dança. Visitas Culturais: Levar as crianças a museus, teatros e bibliotecas para estimular o interesse pela cultura e pelo conhecimento. Brincadeiras em Família: Jogos de Tabuleiro, Advinhações, Mímicas, entre outros, em geral integram e quebram um pouco as barreiras geracionais. Instituições sem fins lucrativos e bem experientes podem servir de grande auxílio para os pais nesta época, como por exemplo: Igrejas, SESI, SESC, Movimentos Comunitários, Grupos de Bandeirantes, Escoteiros etc. Em geral oferecem as inscrições mediante contribuições mais acessíveis e por vezes, gratuitas.

Gaps Geracionais

É a primeira vez na história recente da humanidade, que cinco gerações convivem em simultâneo. Sim, o avanço da ciência e dos métodos preventivos e curativos da medicina, ampliaram a longevidade. Não seria nada impossível, por exemplo, que esse colunista na faixa dos 50 anos, quem dera, tivesse seu avô vivo com de 96 anos, seu pai na faixa dos 79 anos, os filhos com 30 e poucos anos e netos (sigo no aguardo deles), na faixa de uns 10 aninhos. Nesse exemplo hipotético, estariam aí perfis de personalidade e mentalidade impactadas por eras completamente diferentes.

A Geração Beta, Passado e Futuro

Os primeiros bebês de 2025, deram início ao que os especialistas classificam como o início de uma nova geração, intitulada: “Geração Beta” que será moldada pelas tecnologias emergentes, como a computação quântica, as neuro tecnologias e outras que ainda nem foram inventadas. Como será o processo de ensino e aprendizagem dessa turminha, nos próximos 15 anos (tempo médio das categorizações geracionais)? De que forma pais e educadores vão lidar com os avanços da automação? 

Segundo o IBGE, em 1991, a idade média das mulheres que se tornavam mães era de 22 anos. No ano 2000, as mulheres davam à luz com a idade média de 25,3 anos. Em 2020, essa média já tinha alcançado a idade de 27,9 anos e a estimativa é que em 2070, quando os indivíduos mais velhos da “Geração Beta” tiverem 45 anos de idade, a idade média em que as mulheres vão se tornar mães, chegará a 31,3 anos. 

Um paradoxo muito importante que identifico é o fato de que ao mesmo tempo em que a precocidade tecnológica já está estabelecida e será cada vez maior, essas crianças e jovens terão mães, pais e professores mais velhos, quando se compara com as gerações que os antecederam. Isso representa um desafio muito claro para os pais, pois estarão cada vez mais pressionados pela necessidade de se atualizarem, seja em relação a tecnologia, seja em relação aos valores e crenças herdados e desenvolvidos. Essa predisposição ajudará a reduzir os “gaps” culturais causadores de conflitos e de distanciamentos familiares. 

Os adultos do futuro, precisam desde já de um profundo amor filial que lhes dê segurança e fluidez para exteriorizarem suas potencialidades e administrarem suas emoções. A construção de um novo mundo para o qual estão vocacionados a contribuir, exige esse compromisso de todos nós. Nesse sentido, precisamos enxergar a oportunidade de nos renovarmos, de aprofundarmos em nosso próprio autoconhecimento, de curarmos nossas feridas interiores, de expandirmos nossas consciências pois estamos recebendo em nosso seio familiar seres maravilhosos, destinados a elevar o padrão planetário. 

Devemos refletir sobre o exercício diário das virtudes que transcendem ao tempo como a prática da ética, do amor, da compaixão, da fraternidade, da solidariedade e de outros valores absolutos que forjam caráter, sobretudo através do próprio exemplo ao invés de palavras e automatismos vazios, frágeis em convicção e resiliência.

Que venham muitas e muitas férias escolares e que elas nos encontrem fisicamente, mentalmente e espiritualmente, cada vez mais preparados para construir memórias incríveis em nossos amados sucessores nessa oportunidade chamada, Vida Terrena. 

Namastê!

Gilberto Lima Jr.

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