POR RAFA VAISMAN
Segundo o Fórum Econômico Mundial, até 2022, mais de 60% do PIB global será digitalizado. Cerca de 70% do novo valor criado na próxima década será baseado em plataformas ativadas digitalmente.
Em 2025, 100% das companhias utilizarão algum tipo de tecnologia e 97% das empresas de grande porte utilizarão inteligência artificial no processo de vendas, operações ou gestão de processos. O que tudo isso quer dizer?
Não adianta digitalizarmos tudo, e esquecermos das pessoas, afinal nós somos humanos com identidade e impressão digital única. Pensar em todos não é suficiente, precisamos pensar em todos, e fazer para todos, especialmente nesse momento atual que estamos evoluindo como uma sociedade cada dia mais digital.
Na edição passada finalizei o texto com a seguinte reflexão: …"ambas as megatendências, sustentabilidade e digitalização, devem impor grandes transformações no mundo. A digitalização mudará fundamentalmente as estruturas de nossa sociedade.
A cooperação, colaboração e inclusão devem ser palavras de ordem para a cultural digital oferecer caminhos transformadores e mais sustentáveis para a humanidade".
Gostaria de pegar esse gancho e propor um novo conceito com o intuito de refletirmos estrategicamente sobre a relação Sustentabilidade x Era Digital. Nunca se falou tanto sobre esses temas como nesse último ano.
Então a partir de hoje irei abordar esse assunto com o conceito:
SUSTENTABILIDADE 5.0
O conceito traz como questão central a necessidade de reflexões mais profundas para responder uma pergunta básica: Como potencializar a capacidade de todo e qualquer ser humano de evoluir e prosperar em um mundo cada dia mais digitalizado e possivelmente menos desigual?
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Fiz um apanhado histórico da evolução dos dois mundos: O digital e o físico (pautado no meio ambiente) para elucidar alguns momentos importantes.
Fatos interessantes sobre as duas megatrends mundiais:
- 1971: O primeiro e-mail foi enviado por microprocessadores;
- 1972: foi a conferência de Estocolmo, que deu início às discussões sobre pressão do crescimento demográfico sobre os recursos naturais (Ribeiro, 2001);
- 1987: A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED), criada em 1983, publicou um relatório intitulado «Nosso futuro comum». O documento ficou conhecido como «Relatório Brundtland» em homenagem à presidente da Comissão, Gro Harlem Brundtland. Desenvolveu princípios orientadores para o desenvolvimento sustentável como é geralmente entendido hoje;
- 1990: o mundo ganharia a internet;
- 1992: O Brasil entra em cena com a Rio-92, e logo após em 1998 a Google é fundada;
- 2003: Skype surge, 2004 é a vez do Facebook, e 2005 YouTube potencializa a comunicação em massa no ambiente digital através de vídeos;
- 2005: surge o Protocolo de Kyoto, um acordo internacional que tinha como objetivo a estagnação e redução das emissões de gases do efeito estufa;
- Iphone chega ao mercado em 2007 como uma revolução da era dos smartphones. Logo depois é a vez do Spotify, mudando a forma como escutamos música e Airbnb transformando a indústria hoteleira através de sua plataforma digital;
- 2009 é um marco para o mercado financeiro, com a moeda digital Bitcoin, e também para a indústria de transporte com o lançamento da Uber;
- Nesse mesmo ano de 2009 eu tive a oportunidade de participar ativamente, trabalhando pela Universidade de Lund, na COP 15, na Dinamarca, cidade de Copenhagen.
A Cop 15 foi um evento conhecido como a negociação que não deu certo. Líderes do mundo estavam lá para discutir CLIMA, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, como Lula e Obama, tentando chegar a um acordo global de emissões de gases do efeito estufa.
- 2010: temos o marco revolucionário do whatsapp;
- 2012: Rio+20, evento da ONU internacional realizado no Brasil para tratar do tema desenvolvimento sustentável;
- 2015: Um pacto global finalmente foi consolidado com a construção de uma Agenda Internacional (2030) pela Sustentabilidade - Os 17 ODS - objetivos de desenvolvimento sustentável são construídos pela ONU com a participação de todas as nações;
- De 2016 para cá, tivemos uma revolução enorme no meio digital, com o crescimento do uso de tecnologias como: big data, machine learning, cloud computing, inteligência artificial , realidade virtual, deep learning, IoT (internet das coisas), robótica.
Nesses últimos cinco anos houve também um incremento na quantidade de empresas que começaram a publicar relatórios de sustentabilidade, que é o que mostra os dados da lista da Fortune 500. 86% das empresas apresentaram os dados através de relatórios de sustentabilidade anual.
O conceito Sustentabilidade 5.0 traz exatamente à tona as reflexões sobre a relação entre as duas megatrends, sustentabilidade e transformação digital/digitalização. Essa pauta precisa ser levada a sério pelas instituições públicas e privadas de todo o país. O nosso maior objetivo é termos a capacidade de fomentar políticas públicas de inclusão social através do digital, e inclusão digital através de políticas sociais.
Sustentabilidade 5.0 é mais que um conceito, é uma corrente, uma causa, e uma bandeira, que deve a curto, médio e longo prazo auxiliar na difusão de iniciativas multidisciplinares, unindo academia, governo, sociedade civil e empresas privadas a conciliar desenvolvimento econômico, preservação de recursos naturais, e coesão social em uma sociedade digital.
Então fica uma reflexão para vocês: Como pensar sustentabilidade sem pensar nos riscos e benefícios da digitalização/transformação digital e o futuro da humanidade?
Afinal, sustentabilidade nunca será possível com tamanha desigualdade social em uma sociedade cada vez mais digital.