rafael vaisman
Divulgação

Rafael Vaisman, colunista do iG

POR RAFAEL VAISMAN

Os eventos corporativos e feiras de negócios são peças-chave na engrenagem da economia global, oferecendo oportunidades valiosas de networking, negociação e desenvolvimento empresarial. No entanto, o panorama está mudando rapidamente à medida que a sociedade passa a valorizar cada vez mais a sustentabilidade e a responsabilidade social.

Essa mudança de paradigma traz consigo a necessidade de repensar profundamente a forma como os eventos são organizados e a maneira como eles podem se tornar impulsionadores de mudança positiva.

ESG+T


Em um mundo onde os negócios e os eventos se movem em ritmo acelerado, um acrônimo tem conquistado destaque e se tornado uma referência para empresas e organizações comprometidas com a busca por um futuro mais sustentável: ESG, que engloba os pilares de governança ambiental, social e corporativa. No entanto, existe uma peça fundamental que tem sido considerada a letra ausente nesta equação: +T, a Tecnologia.

Ao abordar o ESG+T, reconhecemos o poder transformador da tecnologia na busca por práticas mais sustentáveis e inclusivas no setor de eventos. A integração da tecnologia nessa agenda amplia as possibilidades e impulsiona a inovação, oferecendo soluções inteligentes para enfrentar os desafios socioambientais e de governança. 


Terminologias que convergem


No entanto, apesar dos avanços nesse campo, ainda enfrentamos um desafio importante: a falta de uma linguagem e entendimento comum. Para que a transformação ocorra em sua plenitude, é fundamental que os representantes do setor se unam em uma agenda colaborativa, com o objetivo de harmonizar e unificar os conceitos e práticas relacionados ao ESG+T. Somente assim poderemos estabelecer diretrizes claras e consistentes, promovendo uma compreensão compartilhada e uma ação coletiva eficaz.

Ademais, é imprescindível a elaboração de um glossário que uniformize a terminologia utilizada no âmbito dos eventos sustentáveis. Isso evitará quaisquer ambiguidades e assegurará uma comunicação eficaz entre todos os atores envolvidos. O glossário em questão deve conter definições claras e abrangentes dos termos relacionados à sustentabilidade, a fim de que haja um entendimento consistente e uniforme dos conceitos.

A convergência do setor de eventos em torno dessas iniciativas é de vital importância para impulsionar a transformação e fomentar práticas sustentáveis em larga escala.

Os eventos corporativos e feiras de negócios têm um potencial enorme para se tornarem veículos de mudança e promover impactos positivos na sociedade. Ao incorporar o ESG+T em sua essência, eles podem se tornar espaços que vão além do sucesso comercial, engajando-se em questões ambientais, sociais e de governança.

Algumas diretrizes que podem servir como guia para a implementação de ESG+T nos eventos e organizações:

E (Ambiental)

  • Quantidade de árvores plantadas em áreas degradadas;
  • Redução percentual no consumo de água e energia;
  • Número de projetos de sustentabilidade implementados pelos fornecedores;
  • Taxa de reciclagem de materiais utilizados nos eventos;
  • Redução percentual das emissões de carbono.


S (Social)

  • Número de grupos sociais representados em debates e atividades;
  • Parcerias com instituições e ONGs para promover educação e bem-estar social;
  • Índice de diversidade e inclusão nas equipes organizadoras e participantes dos eventos;
  • Cumprimento de políticas de trabalho decente e boas práticas laborais;
  • Impacto positivo gerado nas comunidades locais.


G (Governança)

  • Desenvolvimento de políticas e diretrizes ESG específicas para o setor de eventos;
  • Transparência nas etapas de orçamento e processos de concorrência;
  • Utilização de plataformas digitais para coleta e gestão de dados ESG;
  • Taxa de conformidade dos eventos em relação às políticas e diretrizes estabelecidas;
  • Relatórios claros e objetivos sobre o desempenho dos fornecedores em práticas ESG.


+T (Tecnologia)

  • Ferramentas de monitoramento da pegada de carbono e impacto ambiental dos eventos;
  • Utilização de soluções digitais para engajamento e comunicação com o público;
  • Adoção de tecnologias inovadoras para melhorar a eficiência e sustentabilidade dos eventos;
  • Plataformas de análise de dados para avaliar o desempenho ESG dos fornecedores e parceiros;
  • Lideranças capacitadas para implementar e acompanhar o uso de tecnologias alinhadas com a sustentabilidade.


Tomada de Decisões & Liderança 


Para tomar decisões ESG coerentes, é fundamental estar atento às consequências de cada etapa da operação. Isso envolve o monitoramento adequado da pegada de carbono, além do entendimento e o acompanhamento próximo dos indicadores sociais e uma análise minuciosa da atuação dos fornecedores, parceiros e colaboradores, integrado a uma governança corporativa. Tudo isso viabilizado por plataformas e tecnologias digitais e orquestrado por lideranças engajadas e comprometidas com a causa ESG+T. Afinal, tecnologia sem humanidade não solucionará nenhum desafio mencionado anteriormente. 

Esses líderes devem atuar como agentes de transformação, acompanhando de perto os processos internos das promotoras e venues, garantindo a integração dos princípios ESG+T em todas as etapas da organização de eventos. 

Em conclusão, a incorporação do ESG+T no setor de eventos é uma oportunidade para impulsionar a transformação sustentável e tecnológica, promovendo ações que vão além do sucesso comercial, alinhando-se aos princípios de responsabilidade socioambiental. A unificação de critérios, o desenvolvimento de um glossário comum e o fortalecimento de lideranças engajadas são passos fundamentais nessa jornada. Ao abraçar essa causa coletiva, o setor de eventos tem o potencial de se tornar um agente de mudança e um catalisador para um futuro mais sustentável.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!