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Papa Francisco comenta sobre inteligência artificial
Reprodução/Vatican News
Papa Francisco comenta sobre inteligência artificial

O Papa Francisco não é um completo alienado quanto ao mundo, até porque é tradição da Igreja Católica fazer ciência desde sempre. No passado, ele usou o Twitter para conceder indulgências plenárias, e reconheceu que as teorias do Big Bang e da Evolução não competem com o dogma da Criação Divina.

No início de 2020, o pontífice apresentou um plano de desenvolvimento para IAs , endossado por IBM e Microsoft , em que empresas e profissionais devem se comprometer a sempre prezar por sistemas inteligentes que não reproduzam preconceitos humanos, e que promovam a justiça e a solidariedade.

Mais recentemente, o Papa Francisco voltou a tocar no assunto, através de sua intenção de oração mensal, veiculada nos diversos canais oficiais do Vaticano no YouTube , em diversas línguas.

Todos os meses, ele transmite uma mensagem pela Rede Mundial de Oração do Papa (nome atual do Apostolado da Oração), com temáticas universais, para todos os cidadãos (católicos ou não), e evangelizadoras, para fieis e membros do clero.

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Desta vez, Francisco foi específico sobre o desenvolvimento de IAs , sistemas especialistas e soluções de robóticas voltadas sempre para o bem comum da humanidade, ao invés de visando interesses particulares.

A princípio, muita gente pode pensar que o Papa fala de uma provável revolução das máquinas, ao citar que os desenvolvedores precisam se preocupar em criar soluções submetidas às pessoas, mas este não é nem de longe o ponto abordado pelo pontífice. Sua preocupação reside no fato de que uma ferramenta sempre será usada por uma pessoa para conseguir alguma vantagem, seja um tacape ou um algoritmo , e isso não é aceitável, na sua visão.

Enquanto Elon Musk e Stephen Hawking demonstraram seus medos quanto a um apocalipse robótico, o Papa Francisco está mais atento ao flagelo diário dos mais vulneráveis, sejam os pobres ou minorias, que podem ser prejudicadas por vieses reproduzidos pelas máquinas , graças aos humanos que as programaram.

Exemplos não faltam, desde o sistema de IA da United Health, empresa que no Brasil administra a rede Amil, que priorizava pacientes brancos em detrimento de negros, a algoritmos que levaram a prisões indevidas ao replicar preconceito racial.

No Reino Unido, outro algoritmo dava notas piores a estudantes que viviam em condições sócio financeiras inferiores aos mais bem avaliados.

O Papa Francisco é bem claro em defender novamente que os valores da Igreja Católica , como justiça, igualdade, solidariedade, dignidade do indivíduo e subsidiariedade (o Estado só atua para prover as necessidades imediatas dos cidadãos quando as esferas inferiores falham em fazê-lo, e se afasta tão logo a situação esteja controlada, para que não haja interferência estatal) devem ser comuns a todos, independente de ter ou não uma religião, e que os desenvolvedores precisam atuar para combater as desigualdades sociais, ao invés de aumentá-las.

O "a serviço do ser humano", mencionado pelo Papa, é isso: não é subserviência das máquinas às pessoas, e sim responsabilidade social para que sistemas, IAs e robôs sejam ferramentas que promovam a igualdade entre os povos, independente de etnia, credo, situação financeira, gênero, nacionalidade, idade ou qualquer outra característica.

Até porque na pior das hipóteses, tudo o que as máquinas vão ver serão alvos.

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