A Meta revelou nesta terça-feira (27) a remoção de duas redes de produção de fake news em suas plataformas. Uma delas era russa e tinha como objetivo criar narrativas favoráveis à invasão da Ucrânia. Segundo a empresa, foi a maior campanha do tipo desde o começo da guerra. Outra, chinesa, tentou influenciar as eleições americanas de 2022 e a política externa da República Tcheca, sem muito sucesso.
A rede russa tinha como foco principal a Alemanha, mas também alcançava França, Itália, Reino Unido e a própria Ucrânia.
A operação começou em maio e incluía uma rede de mais de 60 sites que imitavam veículos de imprensa legítimos, como a Spiegel, o Guardian, e o Bild.
Esses sites falsos produziam artigos criticando a Ucrânia, os refugiados vindos do país e as sanções impostas à Rússia. Os textos eram feitos em inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, russo e ucraniano.
A Meta diz ter bloqueado os domínios, mas o grupo criou outros para dar seguimento às atividades.
Os conteúdos eram promovidos no Facebook, no Instagram e em outras redes, como Twitter, Telegram e LiveJournal. Até páginas de embaixadas russas em países da Ásia e da Europa compartilhavam os textos e vídeos.
"Esta é maior e mais complexa operação de origem russa que desmantelamos desde o começo da guerra na Ucrânia", diz o texto da Meta sobre as medidas tomadas.
A empresa diz que o conteúdo produzido nos sites falsos demanda sofisticação técnica e linguística, enquanto a amplificação nas redes sociais foi feita de forma mais amadora, com contas fake e compra de anúncios.
"Juntas, estas duas abordagens funcionavam como uma tentativa de atacar rapidamente o ambiente informacional, e não como uma iniciativa séria de ocupá-lo a longo prazo", completa a companhia.
A empresa diz que cerca de US$ 105 mil foram gastos em anúncios no Facebook e no Instagram, pagos principalmente em dólares e euros. Ao todo, eram 1.633 contas e 703 páginas, que chegaram a mais de 4 mil seguidores.
Rede chinesa tinha eleições dos EUA como alvo
A rede russa não foi a única bloqueada pela Meta. Outra, menor, teve origem na China e tinha como alvos os EUA, a República Tcheca e públicos falantes de chinês e francês em todo o mundo. Foram quatro iniciativas de curta duração entre meados do segundo semestre de 2021 e setembro de 2022.
Nos EUA, pessoas dos dois lados do espectro político eram alvos, com críticas a políticos democratas e republicanos, bem como apoio a agendas de cada um dos partidos. Alguns conteúdos foram feitos em chinês e francês.
Na República Tcheca, o conteúdo era crítico ao governo local e seu apoio à Ucrânia, listando consequências dessa posição e alertando para os riscos de desagradar à China.
O grupo também agiu com contas fakes em chinês, que publicavam críticas às políticas externas dos EUA.
Segundo a Meta, o grupo era pequeno, com 81 contas no Facebook, oito páginas e um grupo. A ação não conseguiu ter grande impacto na plataforma, com apenas 20 seguidores nas páginas criadas.
Meta foca em comportamento para derrubar redes
Para a Meta, o critério para derrubar contas e conteúdos é o chamado comportamento inautêntico coordenado (ou CIB, na sigla em inglês).
A empresa dá esse nome à prática de criar e controlar vários perfis que atuam e interagem entre si. Eles têm como objetivo aumentar o alcance de publicações, geralmente com uma narrativa determinada.
Em outras palavras, um grupo de agentes cria perfis de pessoas e veículos de imprensa que não existem. Depois, simulam um comportamento orgânico, com publicações e comentários.
O algoritmo do Facebook acaba sendo enganado, já que ele usa atividades assim para determinar que um conteúdo é relevante. Enquanto isso, outros usuários são levados a acreditar que aquelas pessoas e veículos existem, e que suas mensagens têm repercussão e apoio.