Um dos principais entraves no desenvolvimento de robôs
é o alto consumo de energia, geralmente fornecido por uma bateria. E quando se trata de microrrobôs
, a situação fica mais complicada, já que quanto menor a bateria, menos energia ela consegue fornecer.
Mas uma equipe de pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia conseguiu contornar esse problema com o minúsculo RoBeetle
, um inseto robótico autônomo que é capaz de se locomover por até duas horas carregando o dobro do seu peso sem nenhuma bateria.
No estudo, publicado na revista Science Robotics, os cientistas explicam o uso de metanol líquido para "abastecer" o RoBeetle e movimentar seus micro-músculos artificiais, feitos com uma liga com efeito memória de forma (SMA, do inglês shape-memory alloy) de níquel-titânio (ou nitinol).
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Estes músculos, na verdade, são fios revestidos com platina que encolhem e expandem com mudanças de temperatura. Quando a platina entra em contato com o metanol líquido, uma combustão ocorre, gerando calor e fazendo com que uma abertura deslize, regulando o fluxo de combustível e movimentando o microrrobô para frente.
Conseguir movimentar um robô sem utilizar baterias é um avanço, mas apesar de o metanol líquido ter alta densidade energética, esta é uma forma ineficiente de fornecer energia, de acordo com Evan Ackerman, editor especializado em robótica da revista IEEE Spectrum.
"A eficiência estimada é de 0,48%. Veja bem, não são 48%, mas 0,48%, enquanto, em geral, alimentar SMAs com eletricidade é muito mais eficiente", denotou Ackerman. No entanto, ele pondera que a bateria elétrica mais leve disponível no mercado capaz de energizar o RoBeetle pesa cerca de 800 mg, quase dez vezes o peso total do microrrobô. "Desta perspectiva, a eficiência do RoBeetle é, de fato, muito boa", conclui o editor.
Os pesquisadores afirmam que o RoBeetle permite aos microrrobôs irem onde humanos não conseguem, mas ainda há alguns percalços no trajeto do pequeno inseto robótico, como destaca o artigo de Ackerman. "Ele só consegue se mover para frente, não vai para trás, e não consegue virar para os lados. Sua velocidade não é ajustável, e depois que ele começa a andar, só vai parar se quebrar ou acabar o combustível”, aponta o artigo da revista.
Mas, enquanto outros robôs do tipo são alimentados por combustíveis químicos, painéis solares ou baterias, a ideia por trás do RoBeetle é inovadora, e seus criadores afirmam que ele ainda pode servir de modelo para microrrobôs capazes de locomoção aérea.