
É possível prever quais indivíduos têm maior chance de desenvolver casos graves da covid-19? Para pesquisadores da University of Queensland, na Austrália, além das comorbidades e da idade, a presença de determinados fungos no organismo pode ser considerada como um fator de risco para a infecção.
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O interessante é que, nestes casos, os fungos não são necessariamente percebidos pelo indivíduo e nem se manifestam por meio de sintomas. Na maioria dos casos, eles estão “em silêncio”, enquanto compõem a microbiota fúngica do trato digestivo, também conhecida como micobiota. Nestes casos, as complicações só são percebidas em casos de infecção pelo vírus da covid-19.
Segundo o estudo publicado na revista Nature Immunology , a presença de determinados fungos na microbiota, como Candida albicans e Saccharomyces cerevisiae , em altas quantidades, pode intensificar o processo inflamatório do organismo, agravando o quadro da covid-19. Inclusive, o primeiro deles está na lista de fungos potencialmente perigosos da Organização Mundial de Saúde (OMS) .
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Anteriormente, já foram desenvolvidos mais de 700 estudos relacionando o microbioma intestinal — incluindo bactérias, vírus e fungos — disfuncional e o risco de infecções pelo coronavírus SARS-CoV-2 mais graves. No entanto, este é um dos primeiros a fazer essa ligação exclusivamente com os fungos.
Fungos e a covid-19
Na primeira etapa do estudo, os pesquisadores australianos recrutaram 66 pacientes com formas graves da covid-19, 25 indivíduos com a doença de forma moderada e 39 pessoas saudáveis (sem infecção). Em seguida, a equipe comparou amostras de fezes desses 130 voluntários, buscando identificar quais fungos eram mais comuns ou mais raros. Também foram medidos os níveis de anticorpos contra esses agentes fúngicos no sangue.
Segundo os autores, a presença mais expressiva de dois fungos — Candida albicans e Saccharomyces cerevisiae — era mais comum em pacientes com formas graves da covid-19. Consequentemente, estas mesmas pessoas tinham mais anticorpos no sangue contra esses agentes, o que pode sobrecarregar o organismo que precisa combater também a infecção da covid-19 e aumentar o nível de inflamação do corpo.
Testes com camundongos infectados
Na segunda etapa do estudo, os pesquisadores buscaram reproduzir o que acontecia com os humanos em modelos animais. Dessa forma, camundongos foram infectados com o fungo Candida albicans e, posteriormente, foram expostos ao vírus da covid-19.
Nesse contexto, foi possível observar que os camundongos mais velhos duplamente infectados respondiam pior às infecções, e que o nível de inflamação no corpo era mais elevado que o esperado.
Para a maioria dos animais, as disfunções extras no sistema imunológico foram resolvidas com o uso de antifúngicos e medicamentos anti-inflamatórios, o que abre precedentes para pesquisas em humanos. No futuro, isso pode culminar em novos protocolos de tratamento da covid-19, após um check-up no trato digestivo.
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